quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SONETO DA HOSPEDEIRA


Germinando deitou muitas raízes,
sob este olhar solar de tanto espanto.
persuasivo a rogar o meu deslize,
cio vegetal, clorofila em prantos.

Pela estranha surpresa que causava
ascendeu, qual se seu meu corpo fosse,
aderiu, como se o fruto mais doce
serpeasse em meu colo e em minha face.

Eu, já suporte dessa força bruta,
fiz de mim a treliça transtornada
que em troca do veneno aliciante

devolvia por gota destilada,
em retorno ao que apelidou de “nada”,
a doçura que ousei chamar de amor.

Cecilia Ferreira

Curiosidades:

* Desafiada a um soneto: ei-lo.
* Os bons sonetistas são tudo
(semtudo mal me atrevi a este).
* Livro: Vinhos; em: Cítricos

6 comentários:

  1. Germinando é o gerúndio do verbo germinar ou aí no soneto é um nome próprio? Juro, não estou com brincadeira. Li várias vezes e fiquei na dúvida.

    ResponderExcluir
  2. Se fosse, nao precisaria informar a seriedade. r****
    Abraco, Hamiltando

    ResponderExcluir
  3. Treliça transtornada que indiferente às intempéries derrama a essência do verdadeiro amor. E meus olhos lacrimejam na contemplação da hospedeira em flor!

    ResponderExcluir
  4. Antenor, faltou-me a sua dedicatória no lançamento do Experimentânea ontem. Parabéns.

    ResponderExcluir

Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.