domingo, 29 de abril de 2012

Mãos Limpas

O sujeito se perguntava...

Por que alguém que matou, e pode matar mais dezenas de pessoas, tem direito à defesa e à liberdade, enquanto inocentes que cruzarão o caminho do vilão não terão sequer tempo e leis que os proteja daquele sujeito já fichado que sabidamente exterminou vidas por interesses pessoais, carnais, espúrios, se um Estado se considera justo?

Se um Estado se considera correto por que um detento que, só por sua incapacidade de ser producente, já oferece um custo imenso para o Estado ganha um “auxílio reclusão”, e esse “auxílio” é um terço superior ao salário mínimo pago ao trabalhador honesto e decente, quando a família de um assassinado, perdendo muitas vezes todo o arrimo, não tem sequer direito a condolências públicas?

Se um Estado se diz defensor do seu povo, por que o índio não sendo considerado responsável por seus atos (como se fosse um desprovido de cérebro qualquer), sujeito à proteção do Estado, pode andar munido com armamento pesado, do Exército Nacional, oferecendo risco de vida aos homens e à ordem supostamente estabelecida, sem que o governo manifeste nem ao menos desconforto e providências com relação ao fato? Por quais ínvios caminhos e facilidades um Estado que se afirma sério permite isso a aborígines que creditam ser incapazes?

Se um menor está proibido de trabalhar ao lado de seus pais para prover o próprio sustento, e pai e mãe têm que ficar na rua para fornecer alimentos, mas não cuidados já que estarão longe dos próprios filhos, como pode um governo proibitivo não oferecer escolas obrigatórias para todos, que sejam próximas às suas casas, com atividades extracurriculares que englobem todos os interesses infantis, contemplando cada criança de acordo com suas vocações, em período integral? Nesse mar de deputados e senadores extraordinariamente bem pagos e com ganhos de fartos benefícios faltam homens com capacidade para tanto, ou temem ter que abrir mão do seu nada suado dinheirinho?

Dias e dias nos mesmos faróis, ou esquinas das cidades grandes, como as crianças, com seus abusadores vigiando-as sentados ao longe nas calçadas, continuam ali ignoradas pelo poder constituído? Como pode ser melhor para elas restar à mercê dos traficantes de drogas do que estar com seus pais trabalhando em algum legítimo pequeno negócio familiar? Será possível que por aqueles movimentadíssimos semáforos não passe nem um único vereador, ao longo de anos, para que este possa fazer um projeto digno em prol das crianças sem ocupação, ao invés de passar a vida a promover votos de aplauso e falsos planos mirabolantes apenas para fingir trabalho, ou encher mais ainda os próprios bolsos e inchar a máquina com correligionários e eleitores nada producentes e incapazes?



Se um Estado é laico, por que ele não deveria permitir a imagem de Cristo nos locais públicos?


Não sabendo responder a essa última questão o sujeito se fez outra pergunta: Os Estados que quiseram se esquecer da imagem de Cristo e retirá-la dos locais públicos, ou desconhecê-la de vez, podem nos contar quem foi posto na parede? Seria a impecável família Kim, ou Mussolini, quem sabe o doce Stalin, ou o honesto Fidel Castro, ou o humilde Hitler talvez?
Rei morto, rei posto!


Quando pronto para o sacrifício Cristo o fez para tentar tirar os homens de seus excederem-se, de suas arrogâncias, torpezas, vilanias e certezas gananciosas de maneira tão contundente que levou 2012 anos para esses sujeitos voltarem a conseguir promover no Brasil contra Ele a mesma perseguição na qual Poncio Pilatos lavou as mãos.




Mas, graças a Deus, somos livres, e a população pode lavar as mãos crucificando Cristo mais esta vez!



Na parede, livres do jugo de Jesus, baterão o próximo prego que há de colocar apenas mais um entre os ditadores da história do mundo nos murais da memória inesquecível!

Pagando bem, que mal tem?

Foi apenas isso que o sujeito prestes a reeleger-se sorridentemente concluiu em sua última questão...













Curiosidades:

* Publicado no jornal Folha da Região, coluna Porta-retratos, em 29 de abril de 2012

sábado, 28 de abril de 2012

Ciclo



É só mais uma manhã, igual a tantas outras, de sol e brisa fresca, conduzindo para onde se não quer ir outro tanto.


É só mais uma manhã, tropical e habitual, a ritmar as folhas dos coqueiros sob o efeito dos ventos que vêm de longe e longe veem, para o deleite das lagartas, o lento inexistir mais um pouco.


É só mais uma manhã, normalmente cantada na voz dos pássaros, inundando os que têm poder de escuta, deixando a mim (e a você, que faz que não vê) dia a dia mais tesa, óssea, enxuta.


É só mais uma manhã em pétalas rosadas, claras, escuras, vermelhas, amarelas, alaranjadas, brancas, liláses a gotejar eventuais carícias para festas do hoje como a chorar orvalhos em funerais amanhã.


É só mais uma manhã...




Cecilia Fereira

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cirandar



Destilando sua dor-veneno
humano monstro me aniquila.
Eu que sou forte na quizila
quase me vejo desgraçar.

Joga então o jogo da inveja,
ser-serpente que me sufoca,
que silencia a minha boca,
convertendo em palavras loucas
o meu, qualquer, manifestar?
E só eu, sua mira, direi
dos caminhos da fina flecha,
das manhas, astúcias, ardís,
desses seus anseios febris,
das suas calúnias, das pechas?
Só eu fato fito do ato
de tão trêfega fatuidade,
só eu saberei, na verdade,
da falsária fisionomia?
Só eu poderei perceber
de onde é que navega tão falsa
pantomima de picardia?

E sem outro afã que me guie
que furtar-me a esses seus desvios
sorrio meu riso maroto...
É desafio!
Estalo a língua
e sinto o gosto...
Vamos jogar!

Pois cerremos as venezianas
e que sob nossas pestanas
impossível seja encontrar
as sutilezas das razões,
dessas práticas vis e escusas
dessas armas que você usa,
nas dores que quer me causar.

As luvas serão de pelica,
arsênico branco em arnica.
Também eu posso simular
um anjo a fazer zombaria.
E no alvorecer desse dia,
verá seu alvo-bumerangue
qual uma heroína no pódio
- surpresa de seu próprio sangue
rolando tranquilo nas veias,
liberta, agora, do seu ódio -
a deslizar por entre essas teias.


Curiosidades:

*Poema do livro Vinhos, em Amaros, ed. Nankin.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Moto-contínuo















Seu toque macio
de penas de ganso
me afaga no ninho
desse seu olhar.

Eu pouso e repouso
querendo descanso
no jeito moreno,
no tipo garoto
malandro de esquina:
os olhos velados,
os dentes à mostra,
cigarro apagado
no canto da boca,
o riso maroto
cheirando a whisky
com água gasosa
me deixam em brasa,
me fazem menina;
a prosa, sem rima,
toda musical,
mineira, matreira,
me enleva e alucina
e eis que sou rosa
- ainda esta vez -
quase virginal.

E, então vai embora,
dizendo que é hora
de um novo descanso
sobre o meu desejo
de um nunca acabar
dessa ladainha...

Mas como não vê
que sou coroinha
que reza e repete
o mesmo missal?


Curiosidades:

Poema dolivro Vinhos, em Mélicos, ed.Nankin

quarta-feira, 18 de abril de 2012

VINGANÇA


























Do teu domínio me libertei.

Não via o mal
que me querias.

Do vil fascínio que é teu olhar
serei cigana
-como vingança.

Não deixarei
de estar contigo
- casualmente -
pois tuas fúrias,
tuas perfídias
são as aleias
que me convidam
a estar à frente.




Curiosidades:
Do livro Instantâneos, em Inssurreição, ed. Massao Ohno

domingo, 15 de abril de 2012

ALUNA da MEXERICA




Agora Anya chorava. Escadarias se lavam para desimpedir caminhos, e o alívio vem. É sempre assim, toda lágrima fortalece, feito troca justa: diamantes da gota salgada por novas sabedorias.


​Qualquer caçula sabe: ser a menor, num lar de muitos irmãos homens, não é serviço que se faça a uma pobre criança. Mas nem tudo é evitável.


Na memória os irmãos questionam: O que quer ser quando, e se, crescer?


Nossa!, posso decidir isso sozinha?, perguntou-se interiormente.


Tendo acabado de descobrir na televisão que qualquer miss era a melhor e mais bonita mulher do mundo, não teve dúvida: Vou ser Miss, disse mexendo nos seus pequenos berloques e balangandãs! Os irmãos gargalhando a nomearam: É, uma Miss tão feia que vai ser eleita a “miss conde”! Me esconde, entendeu? Hahaha. É isso o que vai pedir quando crescer: por favor, me esconde! De tão feia! Hahaha! Ou vai ser a “miss xuruca”! Mixuruca! Haha! Não, se ela é uma mexeriqueira que vive resmungando: Mamãe, olha eles!, ela só pode ser a “miss xerica”! Mexeriqueira, mexeriqueira!

Ok. Era tempo em que o bulliyng não existia oficialmente. Então não tinha do que, ou para quem se queixar. Ia chorar no quarto. Ao menos isso! Sendo a única mulher, o refúgio era só seu! Trancava a porta e pronto! No mais, crescia colecionando lições: homens não querem saber de sonhos, o que dói em mim não devo fazer aos outros, etc. Mas enfim, era só uma criança, errava e aprendia, e os irmãos talvez aprendessem também. Ou não! Pensava ela com tristeza a cada vez que servia para nova diversão.


Ao chegar da escola, sobre a cama lá estava a caixa lacrada; presente da Rachel!, gritou-lhe, da cozinha, a mãe (que era sua, como era mãe de santo).


Fechou-se no quarto. Foi o olor do abrir da caixa que a prima mais querida mandou entregar-lhe que a fez lembrar-se dessas histórias de mexerica. Os frutos, enredados um a um como joias fossem, desprendiam brilhos olho-de-tigre ao abrir da tampa do grosso papelão. O odor cítrico que as continha, escancarava também a ponta de um envelope cujo perfume mais doce e espesso falava de amor mesmo antes de ser lido. Amarelado vivamente, entre os caldos que as tangerinas desprendiam, o papel não vinha endereçado, mas tinha destino certo. A menina compreendeu para quem deveria ser entregue.

No momento chorava. Se nem toda lembrança do passado era boa, algumas eram aprendizado. Naquele dia da infância a mãe de Anya entrou esfuziante enquanto a menina lia no seu canto particular a salvo dos irmãos impossíveis. Mesmo com a porta fechada, ouviu-a: Oba, criançada! Quem comeu mexerica? A alegria nas palmas e na voz da mãe era tanta que mesmo sem ter comido as tais tangerinas saiu do quarto, às tontas, gritando: Eu! Eu comi!


Não tinha nem visto as frutas, mas sabia: se os irmãos as acharam não haveria sobras! E se além de não as ter provado ficasse de fora da tal premiação? Eu!, Eu!, repetiu sorrindo para a mãe. Os irmãos silenciosos, surpreendentemente alheios a tanto contentamento, liam suas revistinhas pelos sofá, tapete e poltronas da sala. Só então Anya notou: esparramadas para todo lado, cascas alaranjadas e sumarentas decoravam os cômodos e o jardim da casa como se estes fossem lixeiras.


Tarde arrependeu-se na garganta ao segurar o último “fui eu”. Oba! Então pode começar a catar!, desfechou a mãe sem perceber o castigo infundado, ou o que se desenhava detrás das páginas dos gibis nos risinhos maliciosos dos filhos.


A noção do que é ou não justo e humilhante percebida pela garota, veio acompanhada da descoberta de que mentir não é interessante.


Assim aprendeu a força para aceitar injustiças, para superar-se, como para o encontro do verdadeiro prazer que é o trabalho. Afinal, a casa ficou linda e limpa porque Anya existe. Teve pena dos homens, alguns talvez para sempre dependentes de alguém a purificar-lhes o caminho.


Rachel voltou-lhe à mente. E, em nome daquele amor impossível, Anya ia trocando de roupa para levar às escondidas a carta da prima, filha de pai judeu, ao namorado descendente dos devotos de Alá.


Sob soluços sentia muito por algo que lhe parecia verdadeiramente incompreensível, algo que nem a vida e nem as artes dos irmãos explicaram devidamente: se Deus é puro amor, se todos afirmam que Ele é único e verdadeiro, como em nome d’Ele pessoas se afastam de encontro ao ódio?
Enxugando o choro antes de sair Anya descasca o fruto, joga o resíduo no lixinho devido, e parte para a sua missão de união. Olhos secos e vidrados, vai mascando lentamente o gomo dourado, no apreender, procura entre o doce e o azedo aquilo que a fruta ainda não lhe ensinou sobre os homens.



Curiosidades:
* Publicado na Folha da Região, Caderno Vida, em 15/04/12
 
 
 

domingo, 8 de abril de 2012

Virada

A mãe é o primeiro modelo. O que ela ensina o filho aprende.
O seu filho morde a babá; você, que paga caro, pensa: a funcionária que se vire.
O seu filho bate no coleguinha da escola; você, que paga caro, pensa: a escola que se vire.
Talvez um dia, feito você, o seu filho pague caro, porque o mundo, com certeza, se vira.

sábado, 7 de abril de 2012

CONFISSÃO







Feição do não possuído, tens a expressão do desejo.

Esse teu beijo, enrustido em palavras de desdém,

mantém meu todo cativo por saber-te de ninguém.





Na indecisão dos teus olhos - este meu sonho defesso,

deflagra mais do que posso, exige mais do que peço -

espreita teu corpo defeso o meu querer inconfesso.




Feição do não possuído, expressão do meu desejo,

não transijas, não malsines

- ainda que eu alucine -

não te importes, não alteres

a forma como te vejo.







Curiosidades
Livro Instantâneos, marcador: Inssurreição - ed. Massao Ohno.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sobre a sinceridade...




Não importa o quanto e por quais meios tente ser claro, honesto, decente; a franqueza fere sempre.

Feito faca em carne viva, quanto maior a proximidade mais fundo machuca, mais longamente rasga.


Se depois da verdade constatada a falsidade gentil e contida não brotar fácil dos seus lábios, exercite o silêncio por penoso que ele seja.

São essas as artes em que haverei de formar-me e ser mestra,
antes de alguma amostra de fazer morrer,
ou matar-me.

Cecilia Ferreira

domingo, 1 de abril de 2012

ARBORESCÊNCIAS



A uni-los a árvore, mangueira frondosa, que nasce nos fundos do quintal de José. É ela quem, no sentido do sol, estira os galhos fartos de frutos sobre o quintal de Altamiro.


Naquele dia, entre as folhas, apenas o espanto os afasta. Altamiro desafia comprimindo pupilas: pego quantas eu quiser! José sorrindo convida: sirva-se! O reconhecimento os apresenta.


Crescem juntos. Um, pelos fundos, vizinho do outro. A casa de Altamiro abre para, o que ele considera, o nada: a estrada de terra batida – da qual ele renega os destinos desejando morar ao menos numa casa como a de José. Ah, a casa é caiada! E, fincada que está no princípio do subir degraus da escala social, ao menos dá para a cidade.


Altamiro tem horror às origens, às chácaras e suas distâncias de campos, mesmo diante da proximidade de sustento. O que o pai ganha por empreita alimenta convenientemente a família de onze irmãos e os veste para as idas à igreja com reles dignidades domingueiras. Só.


José, ao contrário, estima os trocados conquistados a ponto de reparti-los.


Diante do casebre bem cuidado pela mãe e bem carpido pelo pai, Altamiro, calças rasgadas, pés no chão, camisa sem botões amarradas no sem jeito, ou até batendo as abas, livres ao vento (como não percebia ser), se queixava das moedinhas recebidas por serviços pequenos.
José vendo o avizinhado gemer desencantos, credita o resmungo ao desconforto, e ensina: escola!


A separá-los as classes em que mestres apartavam os mais estudiosos dos mais relaxados. A uni-los a árvore sob a qual no recreio Altamiro desafiava: copio sua lição o quanto eu quiser! E José convidava: sirva-se!
Juntos faziam artes e salvavam o universo. Unidos jogavam botão e gude. Companheiros pedalavam. Em conjunto salvaram um cãozinho da morte, resgatando-o de dentro do saco amarrado a pedras em que foi atirado ao rio. Magistrado, assim nomearam o vira-lata.


Magistrado acompanhava-os ao grupo escolar e na porta, por anos, esperava a saída dos dois até que um, por conhecer, graduou-se, e o outro, pelo educar, formou-se.


Companheiros, revolucionaram: um por reles subterfúgio, o outro por subidos princípios. Magistrado envelheceu e se foi com seu vivaz latido. Eles? Casaram-se. Mudaram-se, e assim também o mundo de ambos – abas batendo ao vento. Quão desobrigada pode ser a autonomia...


Altamiro, professor, alguns níveis galgados, sapatos de couro, camisa abotoada, morava em bonita casa pintada, num bairro de classe média, e de vez em quando, fazendo-se grato, visitava os pais no casebre. José, professor, apesar dos pais vivendo com ele, parecia estar sempre adiante, sempre onde Altamiro queria chegar: a casa do outro era maior! Melhor! Do lado em que o bairro passava a ser de alta classe! A uni-los a árvore anciã da praça, que sombreava frondosamente a casa de um e outro, e as brincadeiras dos filhos de ambos, que cresciam amigos.


Altamiro desconhece o vizinho que nada mais tem a oferecer e, se não é possível ignorar-lhe a superioridade, é preciso desfazer laços! O um dia descalço associa-se a antigos novos companheiros. Elege-se. Veste botinas de cromo alemão e terno de grife estrangeira. Ocupa assento na organização do caos, põe um dos ralos da suposta contenção pública a desaguar em seus bolsos, e num rasgo de benevolência, ou para exibir o obtido, convida José: sirva-se! O amigo do tempo das mangas fartas alerta: não se sirva!

Expressa está a certeza da diferença no material que os fabrica. Altamiro serve-se, serve-se, serve-se. José saca da pena e, no jornal, penaliza o comportamento do edil.


Altamiro, indigno, indigna-se! Movimenta verbas, cede a pressões, faz acordos em desacordo com o que pregou (sem crer), move pauzinhos e, tudo acertado, convoca magistrados: cosam direitos, abotoem liberdades, saquem penas!


José, sob a árvore do pátio de certa penitenciária, espia o mau presente, e expia o bom passado escrevendo sobre o melhor futuro. Suas artes circulam. Se a boca é pequena entre a gente que ainda se fará outra vez revolucionária, o orgulho por José é grande.


Penas da pena! Corroído em ódio Altamiro vai atrás de consolo: que ninguém me faça vista! É providenciar escolas a menos e usar o dinheiro destas para mais lances de poder! O quanto eu quiser!


Servo de si, Altamiro desconhece: nada o fará superior ao sobranceiro José, cujo único sofrimento é não ter conseguido ensinar-lhe a lição das árvores – sob as sombras frutificam resistência e saber.


• Cecilia Ferreira, publicado na Folha da Região, 01/04/2012