sábado, 15 de dezembro de 2012

Desesperança


                                                     A desesperança é o ontem da próxima ação!




Cecilia Ferreira

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

HISTORICA DOS NÃO MARICAS







E agora amigo Chico,
e agora Caetano...

Tanto tempo navegando pra cair

nas mãos da escória?

É triste que lutas passadas
cravando desvios no solo
tenham assim desaguado
em mãos de aparelhados
pobres paus de tão,
nariz e faces,
comandados do vil metal.


É preciso ter coragem
dar a cara à palmatória
deixar de aplaudir bandido
voltar a fazer história,
contrair novo ideal;
decências em transcendência.

Faltam versos de enfrentamento,
faltam rimas de memória,
faltam atos de futuro;
que estórias da carochinha
são boas pra criancinhas
conhecerem o desdouro
do inimigo apaixonado
tão somente pelo ouro.

E agora Chico caro,
e agora então Roberto...

Onde se esconde a tal força
que das curvas de Santos sabiam
de cachos mais do que espertos
que sem lenço, ou documento,
enxergavam de ponta cabeça
o mundo do jeito mais certo?

E agora bravo Vandré,
onde as construções?

Onde a infraestrutura
que o país tanto precisa?
Será que faltarão letras
que encantem novos caminhos,
ou que orientem labutas
para que a vida nos seja
mais que do ganhar colares
e ver brilho em espelhinhos?

Caminhamos, cantamos,
e apesar de vocês
fomos de encontro
(outra vez?)
ao passado?

Dentaduras e botinas
ainda são bons trocados,
ou é melhor gasolina
para motos que circulam
batizadas por santinhos
e votos de barca furada?

Nome, hoje, se troca por nada,
até mesmo por lixo
nesses tempos sem Bicudo.
O Hélio em nós que não se cale,
quando o mundo quer restar mudo.

Quem fez do ideal da nação
essa cama de gatos,
que mantém ancinho e machado
a encher às tampas as burras
do sujeito que a todo pleito
teme não ser reeleito
e vai transbordando em bicas
seu campo seco, minado
por explosivos impostos
crescentes e contaminados?

Cornucópia de ganâncias quer manter
esse estado de falsa democracia.

Vamos derrubar Pandoras,
vamos fechar-lhes caixas e caixinhas, 
pular a amarelinha até tocar o céu,
e voltar a fazer história.

Caminhemos, Cae,
cantemos, Chico,
plantemos somente sementes,
que flores  hão de brotar
mais uma vez Vandré!
Se preciso que seja a pé!

No enfrentamento
nunca desalmados
(como foi feito uma vez)
na defesa
jamais desarmados
como deseja o palácio
da cachaça e do circo da bola.

Desarmados jamais
para que a todo insistente
as calças não nos sejam curtas.
Já pulamos tanto brejo...

Então é mudar trajetória,
 (para que Abrantes
e seus aquartelados
nunca mais se instalem).
e quanto antes,
para legalidade da paz,
melhor!

Que amanhã será novo dia,
de um novo tempo
de reais investimentos em energias
do sorrir.


Cecilia Ferreira
Araçatuba 12/12/12






quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sabedoria

 
                                            Inteligência não depende da quantidade de grana,
                                            e o crescimento da sabedoria nem sempre se faz
                                            acompanhar do crescimento da humildade.

sábado, 17 de novembro de 2012

Violações do BRASIL



                                  O meu país agora é um mau país que vai de mal a pior.



Cecilia Ferreira
Violento Novembro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

VARRIÇÃO



Zune o vento e une
em vocábulos o verso.

O acaso assenta o poema
do modo mais certo.






*Cecilia Ferreira

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Tendência


A tendência dos pequenos grupos teimosos

é a de se transformar em grandes grupos,

isso porque são poucos os que insistem

em ver bem antes aquilo que a maioria só

notará bem depois...

Educa-sim, Educa-não


Não é o SIM, ou o NÃO

que cria, educa e promove;

mas a intenção, a qualidade,

o momento e a necessidade

de cada sim e de cada não.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ARAPUCA

Aceito o sofrer do ego,
sôfrego prenúncio de bem-estar 
amanhã.

Não que me seja amorável 
a dor,
ou que a alegria seja por tudo 
amável
se também ela é esparrela,
véspera de picada venenosa de vespa
que, em vezes, acontecida
não imunizou.

E o imo, esse menino, 
que nunca coube em si,
se esvai em passagens que ensinam 
que se veio por partir.




Cecilia Ferreira
03/09/2012

domingo, 2 de setembro de 2012

Profecias de Nóstelegamus Farão.




À luz da lua e de archotes o arqueólogo Ari sorriu para a descoberta: o Pergaminho do Profeta Desconhecido. Profecias de Nóstelegamus Farão.








Para azar do arqueólogo fui designado para acompanhar as pesquisas. Mas ele, antes de partir, pôde ao menos sentir a alegria de traduzir, para mim, em voz alta, a prova da existência do vaticínio sobre o que aconteceria no hemisfério austral.






O manuscrito previa Glória e Longa Vida para certa democracia potocada e parasitária de sugadores meãos meridionais, e garantia que em tal Magnífico Dia:

Toda demagogia será premiada, em nome do Poder Sugador.

Todo preconceito será fomentado, toda correção será criticada.

Toda liberdade será incentivada, e o medo de viver entre criminosos silenciará e reterá em prisão domiciliar todo o que se atrever a prezar o brio e a vergonha na cara.

Toda forma de policiamento será condenada e criminalizada. Todo real criminoso será inculpável pelo amplo direito à defesa, desde que ligado ao poder vigente.


Todo Tribunal de Vasto Jus se fará cego para o que não é da Vontade Sugadora, mudo para a defesa de quem não é do Partido e surdo para a ultrajada opinião pública.

Toda eleição será controlada pela Confidencial Corregedoria do Voto Eletrônico Alterável. Certos municípios até elegerão prefeitos de fora do Partido desde que as Câmaras se formem repletas de Corrompíveis.

Todo imposto será paulatinamente aumentado, e aplicado, majoritariamente, na manutenção da crescente e famigerada Gula dos Potocados Sugadores.
Óbolos e quinhões se garantirão a todo corpo mole que mantiver a prole boçal.

Toda Escola Comunal despreparará dentro do possível os alunos incentivando a agressividade nos dementes, ignorando as necessidades nos drogados, e reforçando a debilidade nos fracos. Ficam mestres autorizados à mesmice em aula, para que não se desenvolva na maioria capaz o caráter que faz modificar as cousas.

Toda profissão que não constrói será incitada, em nome da obumbração popular.

Todo dependente dos Benefícios da Força Sugatória terá por obrigação ridicularizar a mídia digna e valorizar a mídia que deve favores econômicos ao Poder.

Todo Partidário Tarja Suja será tornado Tarja Limpa, e vice-versa. Que a mágica da hipocrisia se execute diante dos olhos dos éticos e lúcidos; para que aprendam que anistia geral e irrestrita o Poder só concederá a Iguais e Sequazes, nunca a opositores.

Todo Sócio Sugador que não puder ser salvo de acusações de corrupção, peculato ou similar terá direito a premiações assim que o povo esquecer autoria e crime, ou até que se amoldem novas necessidades democráticas a qualquer Código Penal.

Todo álcool, porta para as drogas, será permitido à altura da incapacitação de quem ainda tenha cérebro para rebelar-se. Toda droga será proibida para que se gere ganância e sordidez capaz de destruir o último bastião da moral e da ética: a família.

Todo aquele que puder prejudicar, de algum modo, a formidável permanência da Alta Cúpula Sugadora no Poder Austral, implorará pelo fim do próprio calendário
.”


Então, era aquilo, ou perder meus altos ganhos...


A mídia deu notinhas localizadas:

“Obscuro cientista, sem descobertas relevantes para a humanidade, sofre acidente”.




Não se noticiou o tiro na nuca.


Não existe pecado abaixo do Equador, disse o poeta.





Archotes foram responsabilizados pela morte e devastação na barraca.




No entanto a coisa pública funciona!


Providenciaram lindo enterro para ele e familiares, que aparentemente suicidaram-se dias depois em uma casinha próxima às escavações na pequena cidade de Engana-Tico-Tico, em Confins das Américas Meãs.





A razão do suicídio familiar?


Após exaustivas pesquisas de hora e meia, do alto de seu Amoroso Poder, Fiscais Potocadores garantiram:

Mataram-se de pura saudade.




Eu fiz o que iguais farão.



E o Poder fez questão de homenagear a família.









Mas eu não pude reconhecer se foi ironia, ou só mais um de nossos incitados erros, o adeus final que na lápide afirmava: “A úrtima morada? Nós te legamus...”.







* Publicado no jornal Folha da Região, Caderno Vida, coluna Porta-Retratos de Cecilia Ferreira (escreve quinzenalmente para o espaço).

domingo, 22 de julho de 2012

AMOROSO AMANHÃ

 
A menina revira escombros para encontrar algo que renda Potocas-Douradas.

Muitas Potocas podem comprar um cargo de Auxiliar-de-Caça-Eleitor.


Ao invés disso descobre um livro! Justo ela, uma Periférica que ainda sabe ler. Que sorte!


Eduína oculta a preciosidade sob o incômodo vestido ecoplástico, e a sensação do macio papel, na pele, é incrível para quem nasceu na Orla-Olvidável.



Esconde-o na esperança de não ser pega.


E, porque o sistema carcerário é oneroso para o bolso do Amoroso-Poder, sequestrar, traficar e assassinar são Crimes-Passe-Livre após Demonstração-Pública-de-Desagravo.



Mas saber ler, para um morador da Orla, é crime inafiançável, inapelável e de detenção perpétua, já que todo livro pertence ao Museu-Hirsuto-Nacgional, onde a democracia, mediante licença, permite consultas somente aos Capacitados-pelo-Comitê-de-Alta-Ingerência-Pátria.


Eduína sabe que houve um mundo melhor e mais livre, mesmo que o Reformatório-Educacional-do-Quinhão-Local diga que aquilo é falácia e mito criado pelas já destruídas CiasDFs-e-Outras-Inferioridades-Revolucionárias.

 
Se o Museu-Hirsuto não é para todos, um Olvidável tem o dever de frequentar o Recreativo-Sorria-Já.



Os Recreativos, não possuem livros ou obras de arte, mas obrigam semanalmente ao esporte, e uma vez ao mês apresentam Amorosos-Famosos entoando canções de 4 compassos e refrão de até 8 palavras para honra e glória do Amoroso-Poder, com direito a um doce, show de fogos e uma bexiga colorida! Que alegria!





Mas a garota prefere crer que há opções.






Vendo tanto escombro e ruínas ao seu redor ela entende que são destroços dos tais sistemas desativados, indústrias vilipendiadas e outras infraestruturas. E aí crê que a água já jorrou por canos aquecidos, que houve luz noturna e que som e imagem podem ter caminhado pelo ar.


Descendente dos estudiosos condenados a olvidar, Eduína vive numa Oca-Comunitária de Taba-Periférica para onde se transferiu todo aquele que não aceitou o cabresto da Nova-Amorosa-Câmara (especializada em disfarçar por meio de projetos a falta de investimento real, mais conhecida como Dema-Gogo-Social-Assembleia).



Foram os Dema-Gogos que criaram a Amorosa-Universidade-Cotista-Pão-e-Circo, porque se fizessem justiça salarial aos mestres e dessem dignidade física ao Ensino-Público-Amoroso desde a infância a ponto de os alunos concorrerem com os estudantes das escolas pagas, quem cobriria do 14º ao 18º salário e outros tantos benefícios incríveis conquistados a duras Penas-Plenárias?























A solução?

Cotas-Universitárias para os incapacitáveis pelo Amoroso-Sistema-de-Ensino-Básico-Fundamentado.


Professores insatisfeitos e alunos deseducados proibidos de fazer correções, ou sofrer reprimendas, desmotivariam os metidinhos a estudiosos.


E, só para garantir determinaram: aquele que estudar mais e parecer saber mais deve ser apontado e acusado de Exibido-Portador-de-Preconceito-Intelectual.























Medidas simples sempre podem acovardar pais de alunos mais exigentes.

Edu sabe, a Universidade nem é cotista, já que todo eleitor não ligado ao governo é Despreparadamente-Igual-a-Quase-Todos fazendo a maioria desistir cedo do estudo não recompensado.

Enquanto ela, que nem pertence aos Quase-Todos, suspira na certeza de que estudar legalmente não é para o seu bico.


Sua sorte é a Resistência que ensina melhor e furtivamente os Olvidáveis-Inconformados.









Assim, puxa o decote em V de sua ecoveste cobrindo a cabeça por inteiro e arrisca-se a ler baixinho o título do livro: “Bolsa-Estudo-Exterior-para-Quase-Todo-Estudante-Descendente-do-Amoroso-Poder-Público (Obrigações e Direitos)”.














É então que sente! Está imobilizada! Serão os Amorosos-Fiscais-Censuradores-da-Resistência-Cultural? Em pânico sufoca e desmaia.


Eduína abre os olhos doloridos pela febre.


Percebe: está em casa e o ano ainda é 2012. Que bom!



Em seu país os demagogos incapazes de raciocínio, gananciosos e desonestos são tão poucos que nunca poderão se somar para levar à ruína intelectual e econômica aqueles que pagam por seus tão fartos salários e benefícios...

Ou podem?
 
 
 
 
* Cecilia Ferreira, jornalista, membro da UBE e da Academia Araçatubense de Letras.