domingo, 19 de fevereiro de 2012

FÉ, FITA VERMELHA e CARNAVAL?

O brasileiro tende a ser sincrético, ou seja, une doutrinas.

Incompatbilidade? Quem liga pra isso? Despir um santo? Melhor vestir todos! O famoso jeitinho quer tudo num só altar, e boa!




No carnaval se a consciência pesa é só apelar: bater na madeira, ajoelhar diante do santo e do orixá, tascar patuás no pescoço e fita vermelha no pulso, jogar sal grosso em 4 cantos... Isso não é novidade.


O novo fica por conta da descoberta de que na internet páginas de ateus não discutem ciências, filosofia, ou política; o negócio é criticar religiões.





Por quê? Difícil saber... Os participantes teriam sido humilhados pela crença de alguém? Ou são descrentes por não saber como ativar a fé?

Afinal uma das mais antigas formas de aliviar o medo diante do desconhecido é a ofensa.

Nas tais páginas existe tanta dificuldade para entender que o livre-arbítrio deve ser respeitado como para entender que religião e fé são coisas diferentes.


A capacidade de Crer é um mecanismo da Criação que permite ativar a “partícula de reserva”, ação cientificamente estudada, que conduz ao equilíbrio e bem-estar.

Para os crentes a fé é a ação da mão de Deus, e para alguns ateus a fé é uma falsa “caixa de Pandora” em que tolos acreditam.

A ciência ainda descobrirá que a diferença entre crentes e ateus é que uns desenvolvem, e outros não, a capacidade de ativar o prodígio salvador da fé.





Já a religião é resultado da congregação humana em torno de princípios comuns.

Mas somos tão metafóricos e contraditórios que comunidades entendem as mesmas Palavras e regras de conduta de modos diferentes.

E assim, o que principia para ser refúgio e suporte emocional, finda por adquirir também força política e tendência a rivalizar.




Em círculo vicioso a religião fortalece aquele que faz uso constante da fé; e a fé, congregante por natureza, leva à religião cuja sobrevivência comunitária volta a depender da união pela Fé.

E a Razão nisso tudo?


A compatibilidade milagrosa entre Fé e Razão nasce quando juntas, conciliadas pelo cultivar metódico da oração, induzem à cura no mover montanhas de neurotransmissores, ativando sensações de alívio, prazer de viver e outros bons estados de espírito.


Se a fita vermelha num cão não ascende a fé, a cor, frequentemente associada à vitalidade, ambição, coragem, otimismo, mas também à raiva, irritação, morte e inconformismo, pode de fato atrair a visão e portanto a atenção.


É a disposição de a colocarmos como “proteção contra invejosos” que traduz seu mais óbvio significado: temos medo.






Sabemos que não se adoece por um olhar arrevesado, ou de cobiça; assim fosse os bonitos, ricos e famosos já nasceriam com o pé dentro da cova.









Em compensação o uso da fita vermelha traz a garantia da atenção.

O autor exibe um claro significado: “temo, e esta fita está aí para que eu não me esqueça de cuidar do que considero precioso”.

Porque o pavor, racional ou irracional, tem em qualquer crendice o dom de ser lembrete.


Vamos combinar?

Fitas vermelhas enfeitam, como andores supersticiosos são belíssimos temas para nossos carnavais.

E para os milagres pessoais e curas dignas de testemunho sempre poderemos optar pelo exercício da fé interior constante.





Curiosidades:

* Publicado na Folha da Região em 19 de fevereiro de 2012, domingo de carnaval.

3 comentários:

  1. Olá, Cecília! Rita aconselhou... e aqui estou lendo seu blog! Filosófico, racional e,muito poético! Gostei... fé, religião e religiosidade... e olhos "gordos com colírios diets"... aguçaram minha curiosidade às vezes crente... outras ateia!!
    Abraço, Célia.

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  2. Que bom Célia. Que bom poder ser grata por vc e por Rita. Dupla alegria. Tb passo a segui-la, gostei do seu "Até hoje", e de sua "extinção" (torcendo, no entanto, para que muitas como vc se multiplique em progressão constante).
    Bjks

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Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.