quarta-feira, 18 de maio de 2011

Errar é o oh, mano!





















Sebastião escreveu na lousa a frase com agá: Herrar é o mano!

“Não aprendeu nada com os professor?”, perguntou Gumercindo Epitáfio Destinare Vernaculu Fallere.

Então, Gume Epitáfio foi lá e escreveu: Errar é humano.

Seba, o estudioso Tiãozinho, explicou: “Herrar é o nome do meu irmão.”

A classe caiu na gargalhada.

No intervalo, Epitáfio, na curva para o banheiro, deu um pau em Seba: “Pra você aprender!”

Gume estudava pouco, vinha de família desestruturada e usava drogas. Já a família de Sebas, mesmo carente, era unida. Os pais ensinavam amor e no final dos dias de trabalho auxiliavam-se mutuamente nas tarefas da casa e da escola. Não que os problemas não existissem, mas nos finais de semana iam à igreja, corriam com a meninada da vizinhança. Na maioria não era gente que quisesse ser jogada na vala da mediocridade por governos paternalistas impositores de dominações e corrupções.

Gume era faca afiada. Batia e na hora agá se fingia de coitado. “Só pras autoridade, sacomé?”. Era assim que se safava dos roubos e tráficos em que se metia. Precisava manter o vício, e queria um dia ter corrente grossa no peito feito o Janjão Tetrápode! “Imagina aê um Tetra que Pode! Também quero ser um Tetra Póde!”. E foi Janjão quem deu apelido a Gume: Laran-Jerico. Com Janjão ele aprendeu a dizer: “Ó os direito das criança! Vô dar parte dos polícia! Ah, si os do Direitos Humano te ver!”.

E Sebas, depois do intervalo, na sua inocência, ficou calado achando que protegia Epitáfio. Ao entrar na sala, olho roxo e mancando, ninguém falou nada. Nem a professora, que andava orientada pelo CEM (apelidado de Comissão do Escracho Metodológico) a não interferir, deixar rolar e estar pra ver como fica.

Gume passou a trazer consigo um livrinho: Discriminação Linguística. A ele bastava a finalidade do subtítulo: Não seja vítima! A mestra que se atrevesse a corrigi-lo! Cadeia nela! Gume não era tão burro que não aprendesse a se safar do errado com as palavras certas: preconceito, bullying e discriminação.

Janjão exulta! Contar com o desserviço de acusar de preconceito linguístico! Como não pensaram nisso antes? Manter os laranjas bem subordinados pela ignorância! Que bom poder contar com o medo e o conformismo dos mestres! Certo o CEM! Não havendo o que corrigir não há o que receber!

Na passeata que Janjão organizou na comunidade Gume era o primeirão: “Viva o CEM! Abaixo us professô! Vamo acabá com as categoria onerosa! (Onerosa?) É, meu, oneroso é caro! (Tá, entendi!) Sai caro pru guverno! Fim dos mestre dependente da máquina! Desviador de verba dos bolso governista! Uns culpado pela falta de asfalto, água, esgoto, e saúde. Vamu pará de pagá salário dos professor inútil e preconceituoso!”

Fala a verdade, fez falta umas poucas letras nas palavrinhas acima? Claro que não! Você entendeu tudinho! Vê lá, hein? Não reclama, seu professorzinho dedo-duro de meia tigela! Porque só pode ser “natural passar pelo governo e enriquecer”, como querem alguns circenses, se a cambada docente sanguessuga não gastar a grana com tanto inútil ensino!

Mas, se tem certeza que Gume preferiria não estar entre os jumentos do Janjão se soubesse que tetrápode é o mesmo que quadrúpede,estamos juntos; e que isso é coisa que se aprende, ou se aprendia, na escola; e que a boa escola, ela sim, era arma; arma de paz, para se usar na vida, contra os maus governantes e os maus mestres!, estamos juntos. Juntos em defesa desse que é o verdadeiro (e hoje largado às traças) desarmamento.

Errar é humano?

Na verdade errar é o oh!, mano!


*Crônica inconformada de Cecilia Ferreira. Permitida a reprodução do inconformismo deste desde que citada esta inconformada autora!

6 comentários:

  1. e a nova cartilha do MEC, como vai? Seu BLOG é MUITO: sou sua mais nova seguidora.Parabéns.

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  2. Você éminha primeira seguidora comentarista! Tô me achando! r****
    Obrigadaaaaaaaaaaaaa!

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  3. Achei a sua crônica muito interessante. Hoje existem muitos, e já estão preparando outros recursos (já estão na forma), para proteger isso tudo que você apontou de errado, mostrando o seu inconformismo, também o nosso.
    Então...

    Polícia
    Titãs

    " Dizem que ela existe
    Prá ajudar!
    Dizem que ela existe
    Prá proteger!
    Eu sei que ela pode
    Te parar!
    Eu sei que ela pode
    Te prender!...

    Polícia!
    Para quem precisa
    Polícia!
    Para quem precisa
    De polícia
    Dizem prá você
    Obedecer!
    Dizem prá você
    Responder!
    Dizem prá você
    Cooperar!
    Dizem prá você
    Respeitar!...

    Polícia!
    Para quem precisa
    Polícia!
    Para quem precisa
    De polícia..."

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  4. Rita, conheco a sua luta, conheco a sua integridade. Admiro. Mas poucos tem inteligencia pra falar a verdade na cara das "otoridade" . Foi-se o tempo em que o problema era a policia. QQ vereador e deputado porcaria tem boca pra acusar inocentes de prreconceituosos e de discriminadores. Os verdadeiros preconceituosos dao cotas por cor, emprego por facilidade de manipulacao, e fazem bullyiing mantendo os homens de bem sem saude, sem seguranca e sem saneamento basico confinados aos seus medos enqto os bandidos gracam por ai! E, e desse medo que nos, os mais capacitados, temos que livrar os que se calaram! Bjs (desculpe a falta de acentos e cedilhas - estou o proprio Janjao tetrapode! r*****)

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  5. Puxa vida ,estou adorando tudo!! Parabéns e obrigada...

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  6. Que legal que gostou! anonimo (4 de agosto)
    Quem agradece a leitura e o carinho de deixar sua opiniao sou eu!
    Abraco

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Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.