domingo, 3 de julho de 2011

ROTULADOS


Quem quer aprisionar o direito às escolhas e se obrigar a guetos? Rotulados, nada mais, como judeus condenados e exibir a estrela nos braços e a fé nas chagas.

Desvalorizadas as individualidades os humanos se congregam em minorias que, fracionadas, perdem voz e força. Desviados da união questionamos a beleza dos nossos umbigos.


Há o azul, o rosa, e os coloridos. Agora separe-se os brancos dos negros, mulatos, vermelhos e amarelos. Agora as fêmeas dos machos. Agora agremie, alguns aqui, outros acolá. As crianças é que são problema, bem orientadas põem até os pais na linha.

Então desautorize-se o professor, vulgarize-se o material escolar, aplique-se cálculo com soluções erradas, imprimam-se cartilhas ruins, crie-se confusão ortográfica, e infernize-se as mentes infantis.

Que tal bullying?


Boa ideia. Separemos: os que usam óculos, os que não, os muito gordos, os magros demais, e os muito médios... Espere! A moda é inferiorizar opção sexual...

Fácil. Proponha-se a obrigatoriedade de escola exclusiva para homossexual, assim a criança lá pelos quatro aninhos, deve responder a pergunta: Neném, você quer brincar de casinha, ou jogar bola? Casinha? Escola rosa. Bola?

Escola azul. Os dois? Arco-íris.


Ah a sanha eleitoreira e seus projetos malucos...

Há uma proposta fazendo sucesso, mas nada é pior do que a deprimente confissão de ineficiência política. Obrigar filhos de homens públicos a frequentar escolas gratuitas deveria dar cadeia, já que isso é o reconhecimento de que a escola pública só será decente se o político levar mais essa vantagem.

Quem tem dúvidas de que a aprovação dessa lei vai redundar em falta de vagas pra quem realmente não tem como pagar pelo ensino?


Mal comparando ideias, a desfaçatez é tão absurda quanto o aumento do pedágio na Mal. Rondon, onde não se trafega, se chacoalha.

Voltando à falsa demonstração de boa vontade para com a liberação sexual, o que vemos é o preconceituoso promovendo mais preconceito. Se nenhum de nós é perfeito, por que classificar só esse detalhe da vida alheia agravando desentendimentos, por que criar abismos sociais promovendo pessoalidades, por que escancarar intimidades que só a cada um pertencem?


Por outro lado, ostentar religião como bandeira é coisa da Idade Média, não do terceiro milênio, onde os cérebros se pressupõem desenvolvidos. Ou será que os homens nunca vencerão a porção animal que os leva a demarcar o território a poder do forte odor de urina? Território que, se invadido, derramará o sangue do invasor com orgulho?



Tratar gente como quem trata segmento a ser alcançado por campanha publicitária é Marketing Eleitoreiro. Somos números numa urna, que levarão os aproveitadores aos píncaros da riqueza fácil.

Foi-se o tempo em que se classificava brigas como ocorrência entre traficantes, adúlteros, criminosos comuns ou perigosos, pedófilos, chantagistas, assaltantes, infanticidas... Hoje perguntam origem e opção.


Se o cara é índio, fêmea, homossexual, sem terra, integrante de torcida..., pronto, ‘tá descoberta a origem do crime: preconceito! É óbvio que qualquer um de nós, de uma forma ou de outra pertence a alguma minoria.


Qual eleitor melhor do que o que se sente humilhado? Interessante é que para os Credos, católicos, espiritas, evangélicos, sobram só ataques. Por que não são minoria? Alguns são, ora!


Mas a fé atrapalha o poder. A fé defende a família e, como todos temos uma, isso congrega. A fé defende união, e isso emperra interesses escusos. A fé educa, e educação produz voto inteligente.




A fé, quando é puro amor, não promove diferenças, encontra semelhanças.


Mais congregante do que a fé só a Constituição, garantia maior da ordem, do respeito e dos direitos individuais se, claro, posta adiante de uma nação de homens de bem.

• Crônica de Cecilia Ferreira publicada em 03/06/2011, jornal Folha da Região

2 comentários:

  1. Quando somos segregados, bradamos alto para que todos ouçam, mas e quando fazemos parte da maioria?
    Essa é uma questão da qual poucos conseguem responder.
    Posso ser minoria em determinado grupo, mas maioria em outro, e como você disse muito bem, a cor da pele pode ajudar, dos olhos, da opção sexual, da quantidade de zero$ que a minha conta corrente possui, afinal só existe superioridade se alguém a proclamar, não é?
    Conclamando para sí algo que tenha de sobra e seu "vizinho" de menos.
    Muito bom seu texto!
    Faz a gente refletir, mas acredito que todos em algum momento são excludentes, até aqueles que não querem ser, pois não querendo, já o são!
    Grande Abraço!

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  2. Isso mesmo Cidadão, não fossemos de natureza seletiva e excludente nada disso precisaria ser escrito! r*** Mto bom seu comentário! Obrigada!

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Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.