sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LITERARIEDADES


CURIOSIDADES:
* Publicado na Folha da Região em setembro de 2011.







Se no meu país a língua anda algemada a decretos, calada aguardo a lógica e me aquieto.







Falemos de literatura: Ruth Guimarães (membro da Academia Paulista de Letras, mãe de Joaquim Maria Botelho, atual presidente da União Brasileira dos Escritores disse em entrevista: Há mais escritores do que leitores no Brasil.


Matemática não põe areia no meu caminhão, mas se cada autor ousar ler dois livros para cada um que escrever...


Nem contamos as crianças!


Animalzinho sabe: acordar, comer, fazer necessidades e dormir... Ler não, isso é coisa de ser humano.


Plantar uma árvore pode não ser regá-la. Um filho gerado por vezes resta descuidado. Chi... O número de crianças nas ruas, descontrolado, aumenta. Culpa de que quem escreve e não lê?


Enfim, há ânimo em saber: até pouco tempo atrás Araçatuba era cidade sem trombadinhas nas ruas.

Se a cidade nunca ofereceu parques com segurança, ou pista de Cooper, podia-se dispensar ao menos a segurança, dada a inexistência do abandono infantil.

Mas, já não é mais assim, porque meninos assaltam os que, na falta de lugar melhor, caminham pelas ruas esburacadas.

Pois é Ruth, triste isso! Quem não lê se preocupa: Coitado do trombadinha, corre o maior risco de cair num buracão na hora da fuga!

O consolo é que o problema é tão recente que talvez seja reversível nas mãos dos nossos dedicados governantes. Nunca matarei a esperança.

Falamos de administração pública, ou de livros?




A cidade efervesce, união de interesses municipais e munícipes. A Secretaria de Cultura movimenta a literatura junto ao prefeito que acredita que a leitura nos conduzirá a um mundo melhor.

Assim seja! Sejamos gratos, hoje nem toda cidade de interior conta com gente disposta a decifrar palavras.




Na semana passada autores araçatubenses visitaram escolas, públicas e particulares, dando palestras. Os alunos das escolas que aceitaram o gentil oferecimento, enriqueceram os dispostos voluntários das letras enriquecendo-se em alegria, sabedoria e gratidão.

Vieram performances literárias




com Ayrton Salvanini,



oficinas (Pedro Alves),


palestrantes interessantes como



Marcelino Freire





e interessados como


Menalton Braff (entre as raras pessoas que a este mindo orgulha pela inteligência, devotamento, humildade).




Curiosamente, nesta terra do sol, o conto de Menalton “À sombra do Cipestre”, foi premiado em 1998, vindo a integrar depois o livro de mesmo nome que venceu o Jabuti (2000). Ele e Joaquim Maria lutam estimulando a literatura para além das capitais, dando alcance ao escritor como ao leitor.

Transformando os 24 anos do Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba em lusófono, Hélio Consolaro o internacionalizou e reuniu os vencedores no livro Contos Premiados (ed. SOMOS), sob a batuta da Secretaria de Cultura, distribuindo-os na 3º Semana da Literatura.  

O atuante presidente da Fundação Biblioteca Nacional, escritor Galeno Amorim, também palestrou


e assim agora temos a esperança de que nossa biblioteca municipal saia do limbo intelectual em que foi jogada.

De sobremesa a prata da casa: escritores que há anos se reúnem, sob o olhar amoroso da AAL, tiveram o suor de suas penas reunidos em coletânea do Grupo Experimental. Parabéns pelo Experimentânea 9: Wanilda Borghi (também ilustradora), Marianice Nucera, Isabel Moura, Carmem Silvia da Costa, Manuela Trujilio, Ana Zaher, José Hamilton Brito, Maria Rosa Dias, Antenor Rosalino, Vicente Rosa, Emília Goulart, Elaine Alencar, Marisa e Mariluci Gomes Correia, Aristheu Alves, Anízio Canola, Heitor Gomes, Beatriz Nascimento e Marilurdes Campezi (membro dedicado da Academia Araçatubense de Letras e Coordenadora carinhosa do Grupo Experimental).

2 comentários:

  1. E daí que lendo seu artigo, lembrei de uma história:

    Uma amiga, na década de 70, resolveu encontrar um Guru, daqueles bem alternativos, para ser seu "líder espiritual" e aprender todas as etapas da ascensão.
    Bem, ele a encaminhou a um grupo "secreto", com "pouquíssimos seguidores", com material "exclusivo", com exercícios "personalizados" e além disso, pediu sigilo... Tudo isso, porque o bordão do Guru era: "— Somos poucos".
    Ana — o nome de minha amiga —, guardou o segredo com dificuldade. Quase não se continha com o que estava aprendendo e chegou a hora em que saiu de sua esfera de consciência e começou a observar os outros à sua volta...
    Ela abria os ouvidos às conversas no ônibus, nas filas, no cabelereiro, no banco...
    Qual era o assunto dos outros? O tal do Guru!
    O que liam? O material secreto!
    Como passavam o tempo? Fazendo os exercícios personalizados!
    Ana ficou uma fera e segundo ela, "desceu 20 degraus na escada da iluminação", ou seja: rodou a baiana!
    Pegou o tal do Guru de jeito, sem cerimônias:
    — Escuta, chalatão, a primeira coisa que me falou, é que éramos poucos. Como é que, em todo lugar, encontro gente falando sobre os seus ensinamentos, hein?
    Ele olhou dentro de sua alma e respondeu, calmo como um jarro de água:
    — Justamente por sermos poucos, Ana, andamos todos juntos. Somos abençoados...

    Concluo que deva ser assim com os escritores... :)

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  2. E agora? (((risos muitos))) Onde encontrarei um nirvana à altura do seu comentário (querida Madame Livro)? Mas, promessa (lá no post sobre FELICIDADE) é dívida...
    Coçando aqui o couro que a cada dia tem menos fios e,portantojá nãopode ser chamado de "cabeludo"...
    Felicidade...
    Você sabe, lembranças tristes da infância têm o poder de mudar de forma e nos divertir mais tarde.
    Eu,caçula de cinco,chego na mesa para jantar.
    O assunto?
    A mais velha andava iluminada.
    Havia atingido a tal evolução e agora era capaz de adivinhar tudo o que quisesse.
    Eu, criança/bule, ou seja, "de pôca fé", saí da sala, fechei a (então imensa) porta de correr.
    De sobre a mesa do hall de entrada peguei um castiçal em cada mão e gritei: - Qui qui tô fazendu?
    Minha beatificada irmã grita de lá: - Papel de boba.
    Saí purificada da experiência (depois de chorar rios - grande método evolutivo e purgador)que, se não se apresentou assim tão feliz para esta blogueira que vos escreve, divertiu a todos! r***

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Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.