quarta-feira, 25 de maio de 2011

A roupa que faz o chique










O mundo das passarelas não é feito de inspiração interior. Moda não se copia nem se cria. Moda é reflexo. Desfilar em eventos ou pela vida afora é bom, porém não é tudo, bem como a palavra tendência nem a tudo se aplica. Há coisas que são eternas.

Ser gordinho já foi o máximo, tanto que pinturas renascentistas temperavam a imaginação masculina retratando senhoras cheinhas. Naquela época poucos podiam alimentar-se bem e gordura era determinante, sinônimo de status.

Se hoje grande parte da população dispõe de meios para gastar menos energia e comer bem mais do que o suficiente (e por isso engorda) o que demonstra superioridade econômica é o inverso: manter-se no peso ideal pagando por bons remédios, médicos, academias, massagistas, cosméticos, personal trainers, etc. Daí a atual tendência que desnuda e expõe ossaturas.

As mulheres modernas já não seduzem pelo tempero do mistério, no entanto podemos comemorar o fato de que tendências não mudam aquilo que se é. Porque a roupa pode fazer o monge, mas a grife não faz o chique. Raramente magreza e roupa carésima e de marca tornam alguém elegante.

A elegância tem dois lados verdadeiros. Um nasce ao cunhar da moeda traduzindo indizível quê interior: a incomum, indefinível, mas perceptível, delicadeza; o outro lado dessa moeda de ouro está no que transparece, é a um só tempo cara e coroa, é o exterior, é o que pode e deve ser trabalhado: o gestual, o caminhar, o trato e o falar ao outro ser humano.

Houve períodos em que esforço, cuidado e tempo gastos para se fazer qualquer utensílio ou peça de vestuário parecia bastante proporcional ao preço, mas ainda que não seja mais assim podemos comemorar. Porque se hoje o que é ruim e mal feito pode ser dispendioso, o que é bom e barato por não agregar valores publicitários pode ser comprado sem alto poder aquisitivo; e aí, é revestir sua natural elegância com leveza e bom gosto.

Mas para estarmos sempre na moda há uma fórmula infalível e simples: amar. Amar nos faz finos, graciosos, corretos. Melhor, amar é garantia de retorno. E se houver caso em que o outro for incapaz de reconhecimento e doação, não importará, pois será ocorrência absolutamente perdoável.

O fácil é que, em qualquer tempo, trajar-se de amar e de perdoar só depende de vontade pessoal, e isso é elegante e chique. Muito chique.



Curiosidades:

• Circula por aí uma crônica atribuída a Glória Kalil (desculpe Glorinha, quando eu tiver certreza de que é sua coclocarei aqui o crédito) dizendo que para ser chique não se deve fazer certas coisas...

• Rir alto está entre as coisas que não se deve fazer.

• Gargalhar está entre as coisas que faz bem à saúde.

• A crônica talvez queira dizer que ser escandalosa não é chique, debochada muito menos; mas...

* ...Ser saudável é chiquérrimo!

• Ria alto, baixo, ou como o seu corpo pedir; mas que seja o riso mais autêntico, aquele de pura felicidade!



(Crônica de Cecilia Ferreira, esta autora, metida a entender de tudo um pouco, publicada em 27/07/2007 na coluna Soletrando – da Academia Araçatubense de Letras – jornal Folha da Região)

2 comentários:

  1. Parabéns pelo Blog e obrigado por nos visitar e seguir! Legal teu Blog, desejamos sucesso sempre e felicidades a você e a toda tua família!

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  2. Legal é ter vc por aqui. A Paz para os seus.

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Que bom que quis comentar. Pode esperar que logo respondo. Obrigadinha.