quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Independência e corte
Minha palavra não nasce da beleza, antes persegue a revolta; não surge da curiosidade, brota paulatina da procura decidida; não se constrói no coração, é dura consequência do batimento deste e não se importa o quanto eu a queira mágica, poética, delicada, suave. Minha palavra, corte afiado, criança teimosa e decidida, não me compreende.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
FÉ, FITA VERMELHA e CARNAVAL?
O brasileiro tende a ser sincrético, ou seja, une doutrinas.
Incompatbilidade? Quem liga pra isso? Despir um santo? Melhor vestir todos! O famoso jeitinho quer tudo num só altar, e boa!
No carnaval se a consciência pesa é só apelar: bater na madeira, ajoelhar diante do santo e do orixá, tascar patuás no pescoço e fita vermelha no pulso, jogar sal grosso em 4 cantos... Isso não é novidade.
O novo fica por conta da descoberta de que na internet páginas de ateus não discutem ciências, filosofia, ou política; o negócio é criticar religiões.
Por quê? Difícil saber... Os participantes teriam sido humilhados pela crença de alguém? Ou são descrentes por não saber como ativar a fé?
Afinal uma das mais antigas formas de aliviar o medo diante do desconhecido é a ofensa.
Nas tais páginas existe tanta dificuldade para entender que o livre-arbítrio deve ser respeitado como para entender que religião e fé são coisas diferentes.
A capacidade de Crer é um mecanismo da Criação que permite ativar a “partícula de reserva”, ação cientificamente estudada, que conduz ao equilíbrio e bem-estar.
Para os crentes a fé é a ação da mão de Deus, e para alguns ateus a fé é uma falsa “caixa de Pandora” em que tolos acreditam.
A ciência ainda descobrirá que a diferença entre crentes e ateus é que uns desenvolvem, e outros não, a capacidade de ativar o prodígio salvador da fé.
Já a religião é resultado da congregação humana em torno de princípios comuns.
Mas somos tão metafóricos e contraditórios que comunidades entendem as mesmas Palavras e regras de conduta de modos diferentes.
E assim, o que principia para ser refúgio e suporte emocional, finda por adquirir também força política e tendência a rivalizar.
Em círculo vicioso a religião fortalece aquele que faz uso constante da fé; e a fé, congregante por natureza, leva à religião cuja sobrevivência comunitária volta a depender da união pela Fé.
E a Razão nisso tudo?
A compatibilidade milagrosa entre Fé e Razão nasce quando juntas, conciliadas pelo cultivar metódico da oração, induzem à cura no mover montanhas de neurotransmissores, ativando sensações de alívio, prazer de viver e outros bons estados de espírito.
Se a fita vermelha num cão não ascende a fé, a cor, frequentemente associada à vitalidade, ambição, coragem, otimismo, mas também à raiva, irritação, morte e inconformismo, pode de fato atrair a visão e portanto a atenção.
É a disposição de a colocarmos como “proteção contra invejosos” que traduz seu mais óbvio significado: temos medo.
Sabemos que não se adoece por um olhar arrevesado, ou de cobiça; assim fosse os bonitos, ricos e famosos já nasceriam com o pé dentro da cova.
Em compensação o uso da fita vermelha traz a garantia da atenção.
O autor exibe um claro significado: “temo, e esta fita está aí para que eu não me esqueça de cuidar do que considero precioso”.
Porque o pavor, racional ou irracional, tem em qualquer crendice o dom de ser lembrete.
Vamos combinar?
Fitas vermelhas enfeitam, como andores supersticiosos são belíssimos temas para nossos carnavais.
E para os milagres pessoais e curas dignas de testemunho sempre poderemos optar pelo exercício da fé interior constante.
Curiosidades:
* Publicado na Folha da Região em 19 de fevereiro de 2012, domingo de carnaval.
Incompatbilidade? Quem liga pra isso? Despir um santo? Melhor vestir todos! O famoso jeitinho quer tudo num só altar, e boa!
No carnaval se a consciência pesa é só apelar: bater na madeira, ajoelhar diante do santo e do orixá, tascar patuás no pescoço e fita vermelha no pulso, jogar sal grosso em 4 cantos... Isso não é novidade.
O novo fica por conta da descoberta de que na internet páginas de ateus não discutem ciências, filosofia, ou política; o negócio é criticar religiões.
Por quê? Difícil saber... Os participantes teriam sido humilhados pela crença de alguém? Ou são descrentes por não saber como ativar a fé?
Afinal uma das mais antigas formas de aliviar o medo diante do desconhecido é a ofensa.
Nas tais páginas existe tanta dificuldade para entender que o livre-arbítrio deve ser respeitado como para entender que religião e fé são coisas diferentes.
A capacidade de Crer é um mecanismo da Criação que permite ativar a “partícula de reserva”, ação cientificamente estudada, que conduz ao equilíbrio e bem-estar.
Para os crentes a fé é a ação da mão de Deus, e para alguns ateus a fé é uma falsa “caixa de Pandora” em que tolos acreditam.
A ciência ainda descobrirá que a diferença entre crentes e ateus é que uns desenvolvem, e outros não, a capacidade de ativar o prodígio salvador da fé.
Já a religião é resultado da congregação humana em torno de princípios comuns.
Mas somos tão metafóricos e contraditórios que comunidades entendem as mesmas Palavras e regras de conduta de modos diferentes.
E assim, o que principia para ser refúgio e suporte emocional, finda por adquirir também força política e tendência a rivalizar.
Em círculo vicioso a religião fortalece aquele que faz uso constante da fé; e a fé, congregante por natureza, leva à religião cuja sobrevivência comunitária volta a depender da união pela Fé.
E a Razão nisso tudo?
A compatibilidade milagrosa entre Fé e Razão nasce quando juntas, conciliadas pelo cultivar metódico da oração, induzem à cura no mover montanhas de neurotransmissores, ativando sensações de alívio, prazer de viver e outros bons estados de espírito.
Se a fita vermelha num cão não ascende a fé, a cor, frequentemente associada à vitalidade, ambição, coragem, otimismo, mas também à raiva, irritação, morte e inconformismo, pode de fato atrair a visão e portanto a atenção.
É a disposição de a colocarmos como “proteção contra invejosos” que traduz seu mais óbvio significado: temos medo.
Sabemos que não se adoece por um olhar arrevesado, ou de cobiça; assim fosse os bonitos, ricos e famosos já nasceriam com o pé dentro da cova.
Em compensação o uso da fita vermelha traz a garantia da atenção.
O autor exibe um claro significado: “temo, e esta fita está aí para que eu não me esqueça de cuidar do que considero precioso”.
Porque o pavor, racional ou irracional, tem em qualquer crendice o dom de ser lembrete.
Vamos combinar?
Fitas vermelhas enfeitam, como andores supersticiosos são belíssimos temas para nossos carnavais.
E para os milagres pessoais e curas dignas de testemunho sempre poderemos optar pelo exercício da fé interior constante.
Curiosidades:
* Publicado na Folha da Região em 19 de fevereiro de 2012, domingo de carnaval.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
DUBITAÇÃO
Ouça-me um pouco
– sei que é preciso –
quero que atento
na madrugada
sonhe meus sonhos
me tome o juízo.
Toque-me um pouco
– de leve apenas –
para que eu possa
saber o sabor.
Deixe o desejo
– não saciado –
que ora transpira
tão lentamente
transfigurar-se
descomedido
numa cascata
que salta no abismo.
Sopre-me então
qualquer coisa ao ouvido
– que envolva mistério –
e oculte consigo
as doces mentiras,
as cruéis verdades.
Deixe que a frase,
incerta, me invada
criando charadas
de duplo sentido.
Cecilia Ferreira
Curiosidades
* Do livro Instantâneos; em Redenção.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Abdicante amor
E caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram (...) deixando-o meio morto (...) um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele, e vendo-o, moveu-se de íntima compaixão (...) atou-lhe as feridas, aplicando-lhe azeite e vinho (...) levou-o para uma estalagem e cuidou dele (Lc 10. 30-34)
A vontade de abrir mão de pessoais desejos é suplantada se nos vemos centro de nós mesmos. E Deus ama e perdoa. Sempre. Ansiamos por esse amor universal, o amor pregado por Cristo, e, no entanto, nossa própria humanidade impede. Mas a falha forma de ser não abranda o admirar quem manifeste esse abdicante amor.
Interessante como declarar amor pode ser variadíssimo, matizado mesmo. Algumas formas, simples, surpreendem e encantam. O advogado, professor e articulista deste jornal Jorge Napoleão Xavier extravasa seu amor via arquivo memorial. Não lhe basta lembrar todos os que lhe cruzaram caminhos, nem descrever vidas, negócios, parentelas, amizades, enleios sociais. Napo, como é conhecido pelos que o querem bem, o faz com amor saudoso e gentil, registrando sutilezas generosas a cada retrato.
Clarice Lispector (escritora já falecida) cantava-se canhestra no amor, pois ao amar feria e arranhava. O Dr. Pagura, em São Paulo, em ousada cirurgia, salvou a vida do grande comentarista Osmar Prado. O método usado foi a raspagem do tecido cerebral que estava morto, necrosado.
Do imprestável tecido brotou vida novamente. Há então uma certeza de que raspagens, arranhões e certas feridas são como varreduras de assoalhos e escovação de dentes: executa-se para um rebrilho, um renascimento.
Há bons samaritanos internacionalmente reconhecidos, como Gandhi e Martin Luter King. A abnegação pode ser pela palavra, corpo, ação. Muitos escolhem minorias esquecidas, e, alguns, nem sempre reconhecidos, são capazes de criar a própria família, e acolher pessoas desassistidas como se fossem família. Em Araçatuba, existe a Casa Bom Samaritano. Assunta, uma boa samaritana idealizadora e mantenedora do lar, conta com muitos outros altruístas ao longo de seu atender aos alcoólatras, andarilhos e demais ignorados sociais desprotegidos pelo poder público.
A casa, em que cuidando oferece o serviço de suas mãos, corpo e coração, é ação amorosa incondicional, inalcançável e admirável aos nossos olhos e apegos. Nem só abriga, nem só alimenta, veste e acode medicinalmente. O que a faz incomum é o raro dom de devolver-lhes a auto-estima, o apego à vida, e a esperança (sempre divina) no ser humano.
Folha da Região-20/06/2007
A vontade de abrir mão de pessoais desejos é suplantada se nos vemos centro de nós mesmos. E Deus ama e perdoa. Sempre. Ansiamos por esse amor universal, o amor pregado por Cristo, e, no entanto, nossa própria humanidade impede. Mas a falha forma de ser não abranda o admirar quem manifeste esse abdicante amor.
Interessante como declarar amor pode ser variadíssimo, matizado mesmo. Algumas formas, simples, surpreendem e encantam. O advogado, professor e articulista deste jornal Jorge Napoleão Xavier extravasa seu amor via arquivo memorial. Não lhe basta lembrar todos os que lhe cruzaram caminhos, nem descrever vidas, negócios, parentelas, amizades, enleios sociais. Napo, como é conhecido pelos que o querem bem, o faz com amor saudoso e gentil, registrando sutilezas generosas a cada retrato.
Clarice Lispector (escritora já falecida) cantava-se canhestra no amor, pois ao amar feria e arranhava. O Dr. Pagura, em São Paulo, em ousada cirurgia, salvou a vida do grande comentarista Osmar Prado. O método usado foi a raspagem do tecido cerebral que estava morto, necrosado.
Do imprestável tecido brotou vida novamente. Há então uma certeza de que raspagens, arranhões e certas feridas são como varreduras de assoalhos e escovação de dentes: executa-se para um rebrilho, um renascimento.
Há bons samaritanos internacionalmente reconhecidos, como Gandhi e Martin Luter King. A abnegação pode ser pela palavra, corpo, ação. Muitos escolhem minorias esquecidas, e, alguns, nem sempre reconhecidos, são capazes de criar a própria família, e acolher pessoas desassistidas como se fossem família. Em Araçatuba, existe a Casa Bom Samaritano. Assunta, uma boa samaritana idealizadora e mantenedora do lar, conta com muitos outros altruístas ao longo de seu atender aos alcoólatras, andarilhos e demais ignorados sociais desprotegidos pelo poder público.
A casa, em que cuidando oferece o serviço de suas mãos, corpo e coração, é ação amorosa incondicional, inalcançável e admirável aos nossos olhos e apegos. Nem só abriga, nem só alimenta, veste e acode medicinalmente. O que a faz incomum é o raro dom de devolver-lhes a auto-estima, o apego à vida, e a esperança (sempre divina) no ser humano.
Folha da Região-20/06/2007
domingo, 29 de janeiro de 2012
Cadência
Dorme, querida,
o justo sono.
Enquanto dormes
quero que fiques
imperturbável.
Eu no meu canto
de susto em pranto
vou recolhendo
certa alegria.
Teu ressonar
embala em voo
meus pensamentos.
Se és feliz
nestas tormentas
eu me afogo
noutras marés.
Por mil caminhos,
meu anjo amado,
vê se resolves
os teus problemas
enquanto eu velo
quieta - descrente
destas estrelas
em vão cadentes -
os teus desejos
inacessíveis.
* Poema do livro Instantâneos, tópico Revés.
Amor e cérebro.
O que fazer para melhorar o cérebro?
Opinião do neurocirurgião Dr.Paulo Niemeyer Filho:
"Vc. tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto."
Mesmo que futuramente descubram que não é somente isso, a opinião do doutor Paulo parece fazer sentido.
Duas mulheres muito queridas em minha vida esclerosaram do dia para a noite quando o marido morreu.
Então, meninas, não tenham como único interesse o seu amor, antes tenham muitos interesses que mantenham esse amor Único.
Opinião do neurocirurgião Dr.Paulo Niemeyer Filho:
"Vc. tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto."
Mesmo que futuramente descubram que não é somente isso, a opinião do doutor Paulo parece fazer sentido.
Duas mulheres muito queridas em minha vida esclerosaram do dia para a noite quando o marido morreu.
Então, meninas, não tenham como único interesse o seu amor, antes tenham muitos interesses que mantenham esse amor Único.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Do que o mundo precisa
“O mundo precisa de poesia”, afirmou a baiana mais antiga entre os Novos.
Também acho..., também acho.
E precisa decoro, dignidade...
Ih... Tanta coisa faz falta ao mundo!
De poesia o Chico (o Buarque de Hollanda, irmão da ministra da cultura e amigo íntimo de Maria Bethânia) entende: “Não existe pecado do lado de baixo do Equador”, ele disse.
Concordo e acrescento que, na minha humilde opinião, por aqui talvez não exista nem do lado de cima, e muito menos sobre o Equador.
E o Chico, que de poesia entende, cantou: “Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo, eu sou professor”.
Professores?
Pois é...
Há tantos no Brasil circulando por aí, incógnitos e mal pagos. Mas o assunto hoje não é sobre professor, embora seja sobre cultura.
E, porque poesia é preciso, o Chico canta: “Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor... “
Vamos!
Responderam os amigos.
E Maria Bethânia decidiu: “o mundo precisa de poesia”, em blog.
Não convém julgar, vai ver que quando ela escolheu o título não havia encontrado nenhum blog de poesia...
Vai ver não sabe usar as ferramentas de busca da internet.
Já que citamos a conhecida irmã de Caetano Veloso, acho que todo mundo soube que o Ministério da Cultura autorizou Bethânia a captar um milhão e trezentos mil reais para criar o blog: “O Mundo precisa de Poesia”.
Fiquei pensando...
Puxa! Quanto será que os meus amigos blogueiros gastaram pra fazer seus blogs?
Será que apelaram para o Ministério da Cultura, ou ganharam na loteria?
Não importa... Um milhão e trezentos mil!
Um milhão e trezentos mil... Alguém já viu isso numa notinha em cima da outra?
Pouca gente.
Banqueiros talvez...
Pra se ter uma ideia: é mais ou menos o mesmo dinheiro que a prefeitura daqui retirou do orçamento da secretaria de cultura de Araçatuba para este ano inteiro (em relação à dotação orçamentaria do ano passado).
Um milhão, e mais uma terça parte, é quase a metade do que haveria pra incentivar a cultura deste município por doze meses!
Um milhão e um terço, por aqui?
Meu Deus!
Que festa para as crianças da Fanfarra Municipal, do Ballet Municipal, do projeto Guri e o espaço de que necessitam.
Que alegria para o pessoal da música de raiz, da seresta, da MPB.
Quanto incentivo daria aos artistas plásticos, audiovisuais, compositores, e agremiações populares.
Quanta manutenção para a única paupérrima biblioteca municipal, para o teatro municipal restante que caindo aos pedaços
ainda consegue receber algum público e espetáculo, quanta renovação para os discretos museus e para outros tímidos e incipientes patrimônios públicos, como o espaço da estação ferroviária, os quais, de camarote, vemos entregues, sem opção, ao desmanche silencioso sob a chuva intermitente do descaso e ao sabor da corrosiva poeira dos anos de maus tratos ao sul do Equador...
Nem só em Araçatuba. Mas Pai: tem piedade desta nossa população carente de aculturar-se junto ao seu município; destes artistas nascidos sem recurso, mas plenos de vocação inevitável; destas crianças cujos talentos se perdem no desamparo das políticas públicas...
Perdão, Senhor, por mais esta desajeitada oração.
Não que Maria Bethânia não mereça um blog caprichado, não que Ana de Hollanda peque sobre o Equador, nem que o esculacho de Chico nos dê um tapa na face a nos lembrar que ele mesmo cantou “Amanhã há de ser outro dia”...
Ah, Senhor, tem piedade daqueles que querem crer no melhor que as pessoas têm para oferecer e vê-las florescer sem vender o melhor que há em si.
Curiosidades:
* Crônica antiga que publiquei na FR.
* Estamos agora em 2012, Ana continua lá. Circula mail afirmando que Gil diz que a Cultura precisa de uma revolução fantástica. Ele pode falar, já teve a faca na mão. Fez algo? Agora sobrou-lhe só o gargo, pra espetar o outro.
* Tão antiga esta crônica que Dilma está indo para Cuba, onde NÃO vai discutir Direitos Humanos. Dizem que isso por lá não é urgente.
* Talvez vá aprender mais alguma coisa de como se faz para se permancer absoluto destruindo um país inteiro.
Entre dúvidas e... certezas(?)
O problema não são as dúvidas, mas as certezas.
Enquanto damos aos políticos o benefício da dúvida, eles seguem na certeza da impunidade.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
CRIAS DA MÃE GENTIL
Seriam tantas as línguas indignadas, ou dígitos, a não perceber que sol não se tapa com peneira?
“Mas, hein”?, diria mártir Pedro (o enxovalhado Bial).
O que faz a ciência quando quer estudar comportamentos?
Coloca o objeto de estudo em pequenas colônias, em condições ideais, para proliferação e/ou reprodução, enquanto avalia a evolução.
A diferença entre o BBB e outras caixinhas de organismos vivos é que na “casa mais assistida do país” não se põem vírus, bactérias, ou animais irracionais.
O microscópio agora é telinha, instrumento de avaliação da espécie humana (que pressupomos racional).
O programa, que muita gente sabe censurar, mas poucos admitem ter visto, sofre as mesmas críticas há anos. E o resultado da raivosa enxurrada de impropérios é o aumento da visibilidade e números do IBOPE.
Cada um no seu quadrado, mas qual o fascínio que gerou quase 150 mil pautas antes mesmo do início programa?
Por que a raiva se volta para o apresentador que, só faz cumprir o dever de contratado, independente do que a rede televisiva lhe designe queira Pedro carregar, ou não, a pedra?
Por que o “namoro”, que aconteceu em várias edições anteriores, dessa vez gerou mais indignação? Por que só o comportamento do rapaz foi inadequado?
Por acaso uma moça se alcoolizar até perder a consciência e ficar à mercê da própria leviandade é algo super adequado?
Há razões que a razão desconhece, ou seria o tal edredom mais um esconderijo da hipocrisia?
Circula por aí um cordel vexatório que se diz educativo e transforma em trapos o conhecido Bial. Mas sabemos que quem educa, ou é educado, não humilha quem quer que seja.
De que vale jogar nas costas do programa nossas culpas?
Afinal, na telinha estão brasileiros!
Como não ser exemplo de Brasil se o comportamento que exibem é pura reprodução, aceita sem castigo, por onde quer que o álcool circule livremente?
Bial não inventou o comportamento desregrado.
Ignorar que o programa é retrato não torna o jornalista culpado por nossas mazelas. Afinal, “Reality” é um “Show de Realidade”, mesmo sendo um triste espetáculo.
Longe de defender o programa, reconheço: o problema maior é o excesso de álcool que, ao perder a qualidade de agradável hábito social, é transformado em fuga coletiva por uma juventude sem propósitos.
Dali às drogas...
Nada parece satisfazer a sociedade que atinge liberdades e bem-estar nunca antes alcançados.
A indústria do entretenimento cresce, o egocentrismo sobra, o núcleo familiar e a conduta ética e moral perdem prestígio, enquanto a satisfação dos desejos da carne para ir de encontro à felicidade imediata vai sendo incentivada.
Sim, não criamos nada. Tais coisas são consequências dos tempos fáceis.
Outras civilizações, chegando ao apogeu que sua época permitia, somente desfrutaram do trabalho árduo de antepassados.
A sequência foi desconstruir-se rumo ao próprio extermínio.
Solução?
Começar de novo com regras rígidas, privações e trabalho próximo do insano.
Pena não aprendermos com experiências passadas.
O ideal?
Usufruir sem abuso para manter o conquistado.
Mas, se continuarmos a achar que programas de televisão são os responsáveis pela destruição da sociedade
e não o puro reflexo do que já acontece, teremos forças para nos salvar?
BBB 12...
“Mas, hein?”.
Por que a indignação nacional não se atira sobre a ganância escarnecedora e desclassificada de alguns?
Por quê não nos corrigimos para que o espelho possa exibir a realidade que afirmamos querer?
Raciocinamos aqui sobre os porcos?
Ah, a redundância da aparência.
Eu falava justamente de nossas flores...
Não incomoda saber por que essas tão dispostas vozes não gastam tempo a adubar jardins, podar daninhas, e entoar um “Brado Retumbante”?
Curiosidades:
* Cada movimento (orquestrado) de perseguição televisiva dá aos políticos
mais uma chave para abrir as portas da censura.
* A censura é um monstro que principia por calar o pior, mas deseja calar o melhor que há no Brasil.
* Publicado na Folha da Região em 29 de Janeiro de 2012, coluna Tête-à-tête
“Mas, hein”?, diria mártir Pedro (o enxovalhado Bial).
O que faz a ciência quando quer estudar comportamentos?
Coloca o objeto de estudo em pequenas colônias, em condições ideais, para proliferação e/ou reprodução, enquanto avalia a evolução.
A diferença entre o BBB e outras caixinhas de organismos vivos é que na “casa mais assistida do país” não se põem vírus, bactérias, ou animais irracionais.
O microscópio agora é telinha, instrumento de avaliação da espécie humana (que pressupomos racional).
O programa, que muita gente sabe censurar, mas poucos admitem ter visto, sofre as mesmas críticas há anos. E o resultado da raivosa enxurrada de impropérios é o aumento da visibilidade e números do IBOPE.
Cada um no seu quadrado, mas qual o fascínio que gerou quase 150 mil pautas antes mesmo do início programa?
Por que a raiva se volta para o apresentador que, só faz cumprir o dever de contratado, independente do que a rede televisiva lhe designe queira Pedro carregar, ou não, a pedra?
Por que o “namoro”, que aconteceu em várias edições anteriores, dessa vez gerou mais indignação? Por que só o comportamento do rapaz foi inadequado?
Por acaso uma moça se alcoolizar até perder a consciência e ficar à mercê da própria leviandade é algo super adequado?
Há razões que a razão desconhece, ou seria o tal edredom mais um esconderijo da hipocrisia?
Circula por aí um cordel vexatório que se diz educativo e transforma em trapos o conhecido Bial. Mas sabemos que quem educa, ou é educado, não humilha quem quer que seja.
De que vale jogar nas costas do programa nossas culpas?
Afinal, na telinha estão brasileiros!
Como não ser exemplo de Brasil se o comportamento que exibem é pura reprodução, aceita sem castigo, por onde quer que o álcool circule livremente?
Bial não inventou o comportamento desregrado.
Ignorar que o programa é retrato não torna o jornalista culpado por nossas mazelas. Afinal, “Reality” é um “Show de Realidade”, mesmo sendo um triste espetáculo.
Longe de defender o programa, reconheço: o problema maior é o excesso de álcool que, ao perder a qualidade de agradável hábito social, é transformado em fuga coletiva por uma juventude sem propósitos.
Dali às drogas...
Nada parece satisfazer a sociedade que atinge liberdades e bem-estar nunca antes alcançados.
A indústria do entretenimento cresce, o egocentrismo sobra, o núcleo familiar e a conduta ética e moral perdem prestígio, enquanto a satisfação dos desejos da carne para ir de encontro à felicidade imediata vai sendo incentivada.
Sim, não criamos nada. Tais coisas são consequências dos tempos fáceis.
Outras civilizações, chegando ao apogeu que sua época permitia, somente desfrutaram do trabalho árduo de antepassados.
A sequência foi desconstruir-se rumo ao próprio extermínio.
Solução?
Começar de novo com regras rígidas, privações e trabalho próximo do insano.
Pena não aprendermos com experiências passadas.
O ideal?
Usufruir sem abuso para manter o conquistado.
Mas, se continuarmos a achar que programas de televisão são os responsáveis pela destruição da sociedade
e não o puro reflexo do que já acontece, teremos forças para nos salvar?
BBB 12...
“Mas, hein?”.
Por que a indignação nacional não se atira sobre a ganância escarnecedora e desclassificada de alguns?
Por quê não nos corrigimos para que o espelho possa exibir a realidade que afirmamos querer?
Raciocinamos aqui sobre os porcos?
Ah, a redundância da aparência.
Eu falava justamente de nossas flores...
Não incomoda saber por que essas tão dispostas vozes não gastam tempo a adubar jardins, podar daninhas, e entoar um “Brado Retumbante”?
Curiosidades:
* Cada movimento (orquestrado) de perseguição televisiva dá aos políticos
mais uma chave para abrir as portas da censura.
* A censura é um monstro que principia por calar o pior, mas deseja calar o melhor que há no Brasil.
* Publicado na Folha da Região em 29 de Janeiro de 2012, coluna Tête-à-tête
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