quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Coletivo, ou individual?






Mais do que a cegueira, o comodismo individual é responsável pelo mau estado, e mal-estar, do coletivo.


Eventualmente o coletivo tende a ser forçado a se arrepender individualmente por isso.





CURIOSIDADES:

* Araçatuba é um lugar em que o comodismo individual ainda levará todos a habitarem o mesmo grande e único buraco.

O comodismo individual com o coletivo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PARA NÃO DIZER (que não falei das flores)






"Nos seus dias florescerá o justo, e abundância de paz haverá enquanto durar a lua.” Sl 72.7









Primavera, estação que nos situa entre a secura do inverno e a ardência do verão...

... E eu só quero falar das flores! Não de ervas daninhas e tiriricas que esgotam o solo deste Brasil sem oferecer retorno que não seja o transbordar da sujidade que lhes preenche a proliferação de doenças de corpo putrefato, alma conspurcada e espírito guloso. Nem mesmo da mais adstringente entre as daninhas que, sabe-se lá por quais artes (plásticas) do demônio, finge aparência de flor.

Chegou a primavera e vou falar da esperança da chuva, da grama que verdecerá, fatalmente, quando a condensação do vapor das boas atmosferas, que lava almas e apascenta a poluição do mundo, colocar a poeira em seu devido lugar. Ainda que tarde.

Eis a primavera e falo dos pássaros que só assinam embaixo do que leem, e que com vozes confiantes podem informar ao povo que autoria (assinatura), mais do que responsabilidade, é garantia de sobrevivência. E, tendo aprendido, quem impediria esse brasileiro honesto de assimilar a lição, ou de admirar ao seu igual?

Em Araçatuba há muitos bons pássaros, como os há em todos o cantos deste imenso país. Dos cantos araçatubenses nos dão notícia Calula e Tito Damazo, que nas respectivas publicações, Criatura e Contrabaixo impressionam rodamoinhos expondo essências, acatadas pela poesia, de linhas sempre preclaras. Uma desnuda as dores (de todos os privilegiados que são capazes de senti-las) inclusive as havidas na alegria; o outro transborda humores de tantos substantivos que impressiona os ânimos pelo amor sempre ético que vai à alma (dele como a dos brasileiros, ali descritos, que adormecem estrelas pelo cedo que acordam). Há que conferir outras aves lindas, experimentando voos no Experimentânea 8, como quis a Secretaria da Cultura de Araçatuba. Como mantê-los no solo?

Nem se deve enrouquecer, pela esterilidade fumosa, tantos pássaros louváveis, divulgadores práticos das múltiplas vozes canoras (que se fazem imprimir em papel jornal, e outros modos imagéticos), querendo obrigá-los a cantares de única melodia. Porque na primavera tudo é cor.

Está aí a primavera e falo de borboletas, que voejando sobre todos os lugares mantêm o mundo funcionando pelo bem, polinizando, florescendo, renovando, reconstruindo num cuidado que nunca pode ser abandonado.

Borboletas como as há no Senai de Birigui que pensa coletivo, pelo e para o coletivo. Trabalhadores, dos mais dignos do digno título, que na simplicidade natural às boas ideias criaram algo capaz de mudar o mundo a cada passo. É genial. É coisa de ser humano querer ir lá dar beijos de parabéns em todo aquele que participou da engrenagem dessa invenção: os técnicos da citada escola dotaram um tênis com um dispositivo que desprende do solado a essência da citronela (conhecido repelente natural que afasta o mosquito da dengue).

Pensem em um passo desprendendo o repelente, pensem em dez, em cem, em mil, em um milhão. Isso é ação. Pensem em uma borboleta, duas, cem mil, muitas mil, de boa vontade, polinizando.

Mas é preciso que as borboletas façam funcionar a boa intenção pela ação das aves divulgadoras, proliferando rosas, sete-léguas, bem-me-queres e onze-horas das horas todas.

Porque o mundo precisa de primaveras prolongadas e gente primaveril, sem maldade, propagadora do calor humano e da umidade das substâncias orgânicas que geram o bem abrangedor da imensa maioria.

Olha aí a primavera! Vamos todos falar só das flores?

Curiosidades:

* Publicado em outras primaveras, quando ervas-daninhas se fazem valer de tirirca mais popular para tomar cadeiras plenárias.
Coluna Tête-à-tête, 26 setembro, 2010

Tampas e chapéus






"Nunca discuta com um idiota. As pessoas podem não notar a diferença." - Arthur Bloch







Ai... Esse, com certeza, é um chapéu que me veste...

Porque amo uma dissidência, desde o tempo em que a confundi com um abridor de garrafas (mas isso é uma outra história).

O que não deixa de ser uma bela metáfora: ser aberta e esvaziada para que haja espaço para o novo...

Fazer o quê se estou sempre na esperança de que alguém, por favor, mude a minha crença, amplie meu conhecimento, altere minha visão, transfira minhas expectativas?

Sorrindo aqui, sem gracinha, do alto da minha pretensa sabedoria, dos chapéus que a cabeça aceita e das tampas que nunca me vedam...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

AMIGO (é demais pra essas coisas!)




Amigo não é aquele com quem você nunca falhou, mas é aquele que por alguma inexplicável e divina razão é capaz de perdoar todas as suas falhas e idiossincrasias.
Ceclia Ferreira

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LITERARIEDADES


CURIOSIDADES:
* Publicado na Folha da Região em setembro de 2011.







Se no meu país a língua anda algemada a decretos, calada aguardo a lógica e me aquieto.







Falemos de literatura: Ruth Guimarães (membro da Academia Paulista de Letras, mãe de Joaquim Maria Botelho, atual presidente da União Brasileira dos Escritores disse em entrevista: Há mais escritores do que leitores no Brasil.


Matemática não põe areia no meu caminhão, mas se cada autor ousar ler dois livros para cada um que escrever...


Nem contamos as crianças!


Animalzinho sabe: acordar, comer, fazer necessidades e dormir... Ler não, isso é coisa de ser humano.


Plantar uma árvore pode não ser regá-la. Um filho gerado por vezes resta descuidado. Chi... O número de crianças nas ruas, descontrolado, aumenta. Culpa de que quem escreve e não lê?


Enfim, há ânimo em saber: até pouco tempo atrás Araçatuba era cidade sem trombadinhas nas ruas.

Se a cidade nunca ofereceu parques com segurança, ou pista de Cooper, podia-se dispensar ao menos a segurança, dada a inexistência do abandono infantil.

Mas, já não é mais assim, porque meninos assaltam os que, na falta de lugar melhor, caminham pelas ruas esburacadas.

Pois é Ruth, triste isso! Quem não lê se preocupa: Coitado do trombadinha, corre o maior risco de cair num buracão na hora da fuga!

O consolo é que o problema é tão recente que talvez seja reversível nas mãos dos nossos dedicados governantes. Nunca matarei a esperança.

Falamos de administração pública, ou de livros?




A cidade efervesce, união de interesses municipais e munícipes. A Secretaria de Cultura movimenta a literatura junto ao prefeito que acredita que a leitura nos conduzirá a um mundo melhor.

Assim seja! Sejamos gratos, hoje nem toda cidade de interior conta com gente disposta a decifrar palavras.




Na semana passada autores araçatubenses visitaram escolas, públicas e particulares, dando palestras. Os alunos das escolas que aceitaram o gentil oferecimento, enriqueceram os dispostos voluntários das letras enriquecendo-se em alegria, sabedoria e gratidão.

Vieram performances literárias




com Ayrton Salvanini,



oficinas (Pedro Alves),


palestrantes interessantes como



Marcelino Freire





e interessados como


Menalton Braff (entre as raras pessoas que a este mindo orgulha pela inteligência, devotamento, humildade).




Curiosamente, nesta terra do sol, o conto de Menalton “À sombra do Cipestre”, foi premiado em 1998, vindo a integrar depois o livro de mesmo nome que venceu o Jabuti (2000). Ele e Joaquim Maria lutam estimulando a literatura para além das capitais, dando alcance ao escritor como ao leitor.

Transformando os 24 anos do Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba em lusófono, Hélio Consolaro o internacionalizou e reuniu os vencedores no livro Contos Premiados (ed. SOMOS), sob a batuta da Secretaria de Cultura, distribuindo-os na 3º Semana da Literatura.  

O atuante presidente da Fundação Biblioteca Nacional, escritor Galeno Amorim, também palestrou


e assim agora temos a esperança de que nossa biblioteca municipal saia do limbo intelectual em que foi jogada.

De sobremesa a prata da casa: escritores que há anos se reúnem, sob o olhar amoroso da AAL, tiveram o suor de suas penas reunidos em coletânea do Grupo Experimental. Parabéns pelo Experimentânea 9: Wanilda Borghi (também ilustradora), Marianice Nucera, Isabel Moura, Carmem Silvia da Costa, Manuela Trujilio, Ana Zaher, José Hamilton Brito, Maria Rosa Dias, Antenor Rosalino, Vicente Rosa, Emília Goulart, Elaine Alencar, Marisa e Mariluci Gomes Correia, Aristheu Alves, Anízio Canola, Heitor Gomes, Beatriz Nascimento e Marilurdes Campezi (membro dedicado da Academia Araçatubense de Letras e Coordenadora carinhosa do Grupo Experimental).

FELICIDADE






















FELICIDADE não é FACILIDADE.

Ser FELIZ não é ser FALAZ.

FELICIDADE é um sentimento simples.

FELICIDADE é conquista que dispensa as fórmulas mágicas e aparentemente fáceis.

FELICIDADE está ao alcance daquele que,companheiro da própria consciência, dorme bem. Dormir bem não é dormir muito, ou pouco, é dormir com qualidade e relaxamento.

FELICIDADE não se acha nas ondas midiáticas, nas montagem de PPSs, ou nas imposições impressas de livrinhos de autoajuda. Mas a felicidade não se esconde.

FELICIDADE dispensa os palestrantes falaciosos mestres dos caminhos das pedras. O caminho da felicidade não é seguir, é estar.

FELICIDADE surge muitas vezes para todos. E a arte não está em obtê-la, mas em estar atento e apto a recebê-la. Como também para resgatá-la a qualquer momento pela memória e pelo aquecer do coração naquela alegria que é eterna, única, perfumada, melódica e inextirpavelmente sua.

FELICIDADE é algo que o completa de tal forma, que estrelinhas cintilam em sua aura traduzindo um bem-estar e um sorriso tão honesto que não precisa ser exibido feito troféu.

Não se obrigue à FELICIDADE, porque se houve um momento inesquecivelmente bom em sua vida você já é e pode manter-se feliz.

Sinta, desfrute apenas.

CURIOSIDADES:
* Sua avó já dizia: FELICIDADE atrai FELICIDADE.

JOGUINHO:
* Vamos trocar FELICIDADES?
Para cada lembrança de boa felicidade pessoal postada nos comentários, prometo tentar desencavar uma que seja minha e trocar alegrias com você.

Bjnhs :)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MAIS DE 51, BOA IDEIA? (ou: Acima da Média?)

Essa coisa de blog é delícia.

No primeiro post...

Não sabe o que é post?

Tá bom, tá certo!

Quer que eu fale em português, né?

Mas no português verdadeiro, ou no decretado?

Então tá. Nessa coisa de blog na primeira postagem que se lê no blog alheio já se sabe: Ih... que delícia, vou curtir esse autor, ou essa autora, de montão.

Um parênteses, quem diria, eu um dia virei blogueira. E nada vai desvirar, foi por culpa do Zé Marcos...





Credo, tá parecendo letra de música de roda, de ciranda, mas que foi por culpa do Zé Marcos, ah isso foi!

O que importa se desde a primeira vez que entrei e publiquei um poeminha numa sala de chat sugeriram que eu tivesse uma página, e eu nunca tive?

Quantos anos faz isso?

Credo que curioso, ou curiosa você, não?

Faz tempo gente. Aqui nem tinha luz direito, e a net chegou pelo ar, informando sem vergonha nenhuma que não precisava dos tais cabinhos da energia... E depois ainda tem gente que duvida que o homem pisou na lua... Como não meu filho? De que jeito você acha que tecla com gente do outro lado do mundo? Satélite pode, mas foguete pra por satélite no ar nem pensar? Isso é um absurdo, diz você! Como assim? Acorda!!!

Bom... Já o computador, esse ainda precisa ligar na tomada. Mas vá se saber por quanto tempo tomada vai existir?

Dizia eu, Zé marcos me deu um blog, todo arrumadinho, e on line mesmo me disse: Se vira, se não conseguir eu ensino. Me virei, né? E a vergonha? Eu mais velha, ele mais jovem... Na verdade sou do quase tempo em que velho ensinava e jovem aprendia... Ah a inversão das coisas!


Enfim o primeiro blog de gente desconhecida que acessei foi dessa menina que é Incrível, mas graças ao bom Deus Falível como todos nós.

Desculpem, mas vocês também não estão cansados dos Prefeitos? Hã-rã, isso! Eu quis dizer, perfeitos. Temos ex-presidente perfeito, ministros perfeitos, serA perfeita....

Não sabe o que é uma serA perfeita?

Como assim?

A presidenta é uma serA!

Tá, tudo bem, um dia eu também não soube que o “ente” no final do substantivo presidente equivalia a “ser humano”.

Presidente até outro dia era de dois gêneros, não? Um Presid + Ente. E se ela é Presid + EntA é uma “serA humana”, lógico, uai! Né, não?

Sei que ultimamente apareceu até no dicionário on line a palavra presidente num suposto substantivo feminino “presidentA”, argh!. Mas por aqui tudo se caneta. E, aliás, o verbo canetar, tão usado, ainda não está no dicionário, nem mesmo no on line. Mas a palavra blog já.

Voltando ao assunto: blogs acima da média... Direto leio a INCRÍVEL FALÍVEL blogueira. Mas na última vez ela conta que quem falhou foi o FIP dela (ou PIF dela, juro que não sei o que significa, mas entendi que era o ex e a luz dele).

Sei que elogiei a interessantíssima crônica e ela veio visitar minha página sugerindo que eu contasse como era ter 52 anos, ou chegar, ou (ela não disse, mas eu temi) ir adiante (porque deixando barato, já lá se vão 54, chegando aos 55 na primavera que se aproxima).

E como explicar o inexplicável? Parecia tão fácil para os meus avós...

E nas revistas cansam de informar, os cinquenta são os novos quarenta. Uns ousados chegam a nos garantir a energia dos trinta... Animador, não?







E vamos deixar assim, barato e simples, indo adiante feito gôndola em noite de luar riscando canais espelho de Veneza. Deixemos que algo lírico, inspirador e petulante nos sustente singrando em frente.







Já que não há como voltar atrás!


Precisava essa última frase? Precisava?



CURIOSIDADES:

* Resposta à blogueira que creio infalível no ofício e de quem desconheço o físico, só sei rosto (a confirmar existência), palavras (a inspirar confiança) e pensamentos (a inspirar a mente).

* É o que me basta para responder a um pedido, como para admirar alguém.

(texto para blog, Cecilia Ferreira).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ÚNICO



A admiração, capacidade que nos enche de encantos, é acompanhante das impressões que a razão provoca em nós. Pena que ao longo do tempo o que é natural se veja coberto pela sensação de normalidade e perca a aura da singularidade.

Aquilo em que custamos crer, o fantástico, fantasticamente permanecerá inexplicável e atraente. Se tardamos a descobrir fantasia no trivial, é essa a arte do verdadeiro escritor.
O mistério pode e deve estar no palpável, tátil, crível, no aspirável como inspirável, no habitual: na literatura como na família.

Família e literatura têm em comum servir de suporte às humanidades, e ambos têm tudo a ver com escolhas pessoais e desfecho. Cada trilha num livro, como os caminhos na vida, conduz a um determinado final. E, por essa semelhança, vivemos do aguardar desfechos, desejando-os sempre melhores.

Nos enredos das letras de toda arte, como em cada vida, nem sempre o final será o que gostaríamos. Isso acontece porque ali colocamos expectativas pessoais, numa visão diminuta de mundo. Se ampliarmos o foco veremos que o bom final é próprio do universo.


Assim como determinada literatura, mesmo no amargo desfecho, traz anseios e certezas de construção positiva, porque não se trata do indivíduo, mas do todo.

Todos nós temos história. Se para muitos basta a alegria de vivê-las, para outros há que contá-las por escrito.

São tantos os livros com histórias familiares que o tema por si daria uma bela análise de doutorado: o modo como a edição se apresenta por vontade do autor, razões de publicação, a linguagem ali privilegiada na tentativa do formal, ou do informal.

É evidente que, por mais razões pessoais que justifiquem qualquer edição, escrever um livro brota do tradicional: é tentativa de imortalizar-se. É como ter um filho, ou plantar uma árvore (nem falemos de Araçatuba, cidade esquecida das razões da clorofila e do oxigênio, isso é assunto para tratado político).

Se nem todos querem plantar árvores, e as boas gráficas hoje têm projetos de sustentabilidade na área, que bom que as possibilidades de impressão se popularizaram.

Falemos dos araçatubenses: Maria Luisa de Paiva Afonso era poetisa. Seus sonetos, imprecisos na métrica e certeiros nos bons sentimentos, contam histórias e emoções familiares que poderiam pertencer a muitos. A autora de “Ecos de minh’alma” foi mulher vibrante, apaixonada e caridosa que retratou-se em poemas como nas cartas amigas, imprimindo-se nas saudades deixadas.

Publicações familiares andam há tempos nas lides e predileção de munícipes. O cidadão daqui é recente, a cidade tem apenas cem anos. Porém, o que aqui se vive veio de longe, e como toda história basta buscar.

Então em “Histórias de família”, o engenheiro, filho de Maria Luisa, como ela não contagiado pelo ‘fiz, portanto sou’, veio surpreender. A publicação despretensiosa e merecedora de menção e leitura, descreve situações de formação de Brasil na vinda e permanência de antepassados e suas “Bandeiras” particulares.

Os desbravamentos e os transformares de ascendências em brasilidades assumidas, veio pelas mãos de Adriano. Pesquisando a origem dos próprios sobrenomes, ele apresenta as famílias Silva, Paiva, Alves Lima e Affonso de Almeida que mesmo, em capítulos assim separados, sob o arrimo de uma intenção genealógica, se leem de um fôlego.

Paiva Afonso, o autor, deixa para as próximas gerações um livro que celebra, por sua ascendência, muito dessa história de Brasil que desaguou no Tietê do noroeste paulista.

Por que é tão interessante?

Difícil precisar.

De toda forma “Histórias de Família” é um agradável legado, que com seus muitos desfechos de conjunto demonstra o quanto somos únicos.

Curiosidades:

* Somos aparentados de forma distante, mas quanto mais distante fui na ascendência do autor mais me senti aparentada mesmomque mais distante ainda.

* Somos soma de tanta brasilidade que acho que ali, no lovro de Adriano a imensa maioria se reconhecerá.

* Esta crônica foi publicada inicialmente no jornal Folha da Região, em seis de setembro de 2011; e está postada também no blog da UBE - Araçatuba e Região.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Par_ido














Silencia e escuta tuas veias e batimentos.
Escuta ainda,
escuta sempre...

O que saiu de ti, em ti sempre estará.
Escuta...
Não veles abatimentos.

Se caminhava e sorria para as galáxias
foi porque arteiros,
das vísceras tuas,
os passos não se detiveram
ante portas de ânsias terrenas.

E assim, mesmo
no contra a favor da tua desvontade,
viste a própria alma
caminhar, desembainhada,
a esmo.

Espada oferecida
em pernas e braços
pele em pelo,
espáduas e energia
a decidir-se em, teimosamente,
barganhar os tais destinos.

Não chora que agora
nenhum apelo de desatinos
vai trazê-lo
para aqueles aos quais exibiu,
desinibido,
as tuas semoventes entranhas.
Porque eles têm olhos,
mas não sentidos
vídeoultrassonográficos.

O com-par,
parceiro ímpar
de ti,
seria,
será
estranho ao universo
em pouco tempo.

Mas saiba,
todo o zelo reverso,
todo o teu verso,
ou gana do destino,
nada engana
e chega a negar
a origem no teu útero menino.

Escuta agora,
escuta sempre.
Ouve, ou vê:
dentro de ti ele não sei foi,
pulsa ainda...

Louva essa dor,
que nenhum rodo
em lavação esgota.
Se rasga
e, rota, fere,
ainda aponta
(alento)
o teu nunca esquecimento.


Cecilia Ferreira

domingo, 11 de setembro de 2011

Eco Ação, Equação, É coação

“Se não se arrependerem, todos vocês também perecerão” Lc 13.15


Eco ação: nada a ver com ecologia. Tratamos do ato que é repetidas vezes reproduzido. Ação com eco. Ação que repercute porque vai de encontro ao anseio da maioria.

Aconteceu na candidatura do Tiririca. Eleitores metidos a engraçadinhos, ou que têm vocação para o voto de protesto tomaram uma atitude que reverberou e fez do deputado o palhaço mais eco agido do Brasil. É coagido? Eu não disse isso! Quis dizer: agido em forma de eco. Tiririca coagido? Não! Tem perfeita noção de que está se empregando.

Sou péssima em cálculos, mas acho que a coisa chega na seguinte equação:
E2002 = SI x IM
QP =/= de QE; QE² = FPBP = FD > FP
∞FPBP = NFD = SFVpI

Tradução: ELEIÇÃO a partir de 2002 é igual a SEU IMPOSTO sustentando o INCHAÇO da MÁQUINA. Onde QUEM PRODUZ não é QUEM ELEGE; e onde: QUEM ELEGEU, ao quadrado, muda de categoria e se torna FUNCIONÁRIO PÚBLICO BEM PAGO, que é igual a FUNCIONÁRIOS DESPREPARADOS em maior número do que os FUNCIONÁRIOS PREPARADOS.

Donde se conclui que a possibilidade de INFINITOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS BEM PAGOS é igual a eNe FUNCIONÁRIOS DESPREPARADOS (ou com forte desejo de se despreparar pra passar à categoria de BP) que é igual à SENSACIONAL FALTA de VERBAS para INFRAESTRUTURAS.

Não sou economista, mas essa Teoria traz um descompasso: o crescimento de um país que já se encontra doente (sem possibilidade de recorrer à saúde pública, ao saneamento básico, a ampliação e manutenção de estradas, a energia que sobeje, escolas capazes de valorizar a um tempo alunos e professores, estímulo ao bom desenvolvimento das forças militares, policiais e judiciais) baterá de frente com a falsa aparência de crescimento econômico gerado por população bolsista e eleitoreira cujo gasto ínfimo, somado, oferece a ilusão de maior poder aquisitivo. Mas, que no todo, produzirá cada vez menos bens que possam virar moeda; seja em quantidade, seja em qualidade.

O governo atual derivou de um bonito movimento e, no meio do caminho, porque tal política não vingou no mundo, criou forma nova de “lidar” com o povo.

Tudo bem, os eleitores sérios já engoliram Cacareco antes. Em 1959, elegemos elefante branco, digo, rinoceronte, para o Congresso. Pode-se eleger antas, qualquer animal do zoo (pobres animais enjaulados sem opção que não seja a de aceitar o indigno destino). Voto de protesto é legítimo, fazer o quê? O que não pode ser é ver que há mais congressistas que não sabem o que os levou até lá.

Por exemplo, Lincoln Portela finge não saber que todo ser humano é da área da cultura. Ora, em questão de cultura, cada um tem a própria. Como em educação também, cada qual tem a sua, inclusive total falta dela. A proposta indecorosa é que diante de um país carente em ambas as áreas, por pura vontade de aparecer, ele indique alguém tão sem conhecimento geral na área de Educação e Cultura. Nem se fosse para a Comissão Sobre Palhaços Mal Alfabetizados Tiririca estaria capacitado a integrá-la, porque comissões não são passarelas de desfile dos problemas nacionais, mas sim mecanismo para se apresentar soluções.

É preciso, portanto, saber lidar com esse novo tipo de zombaria. Una-se a eles, disse alguém.

Unamo-nos!

Criemos o SPIB (Sindicato dos Pagadores de Impostos do Brasil).

E a partir da instauração do SPIB votemos greve até que se faça melhor uso do que o Leão nos toma (aproveitem enquanto há o que tomar!). SPIB já, para que a melhor eco ação seja a de ninguém ser coagido a ver o suado imposto mal distribuído e os míseros anseios nacionais mal representados.

Eco aja. Custa sonhar?


CURIOSIDADE?

Nenhuma, posto que estou sonhando.

Mas gostaria de acordar e descobrir que os políticos começaram um movimento para segregar e afastar os corruptos dentro de cada departamento, dentro de cada pasta, dentro de cada partido, dentro de si mesmos.

(crônica de Cecilia Ferreira, publicada em março de 2011 na coluna Tête-à-tête, do jornal Folha da Região)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Lúcia Maria Milani Piantino


Lúcia Maria Milani Piantino, foi-se.
Juntou-se a Deus e provavelmente a outros queridos seus.

Um dia, em "carta", por hábito, já que frisa que a época é de e-mails, escreveu publicamente a um amigo que lhe era querido:


"E fostes por aí num rabo de foguete... Porém, preciso contar-te como o tempo passou célere nos... 30 anos de esperanças e sonhos perdidos."

Quero dizer a ela o mesmo: "Longe de ti, continuamos carregando sonhos desgarrados, vivemos tempos violentos e vamos nos acostumando ao desalento, deixando que a vida resolva as incertezas que o futuro traz."

E confirmar que nada, nada parece querer vir a mudar com sua partida: "São, agora, tempos de solidão, de muito álcool, com o tédio envenenando os dias e a droga alegrando noites vazias nas ruas da cidade dos Araçás. E tanto que a gente nem sequer liga para as notícias da hora, alienados em BBBs, escândalos políticos, mentiras, corrupção."

Mas afirmava sentir-se confortada na presença de outros amigos, concluindo que valia a pena sonhar "e tentar brincar de roda com a vida, abrir janelas todas as manhãs e rir do tragicômico."

Lúcia escrevia com a "alma débil e medrosa" do esquecimento em que o amigo a poderia colocar, e achava preciso que soubessemos-lhe o receio; que ela possa agora saber que deixou aqui amigos, conhecidos, companheiros, confrades, confreiras e alunos, muitos, que a quiseram bem.

Vai tranquila, amiga.

E que a vida, agora leve, nesse futuro eterno, possa lhe garantir a tranquilidade de ter deixado entre nós imensas saudades.

CURIOSIDADES:
* Uma pequena biografia da vida de Lúcia será acrescentada a esta postagem.

* Todas as frases colocadas nesta postagem entre aspas são de nossa confreira Lúcia Maria Milani Piantino. Usei as palavras da própria Lúcia, em crônica que ela fez publicar na coluna Caleidoscópio (Folha da Região) para simular uma conversa entre nós. Aproveito para reiterar as minhas saudades e a minha fé no reencontro de almas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

LUTO PELO BRASIL!


Luto por mais moral,

Luto por mais ética,

Luto por menos ganância pública,

Luto por aplicação dos impostos em infrestrutura,

Luto por aplicação dos impostos na saúde,

Luto pelo direito de falar o que acontece de errado.


Luto para que possam desejar estas mesmas vontades,

pois, quando não mais temerem estas palavras, só então

este luto,

esta luta,

terá alcançado a redenção e o bom caminho.

domingo, 4 de setembro de 2011

Existência II

















Que sustento foi aquele

que nos manteve ativos,

muito mais que vivos?



Que loucura pode ser

soberana, sóbria e centrada,

a ponto de nos manter

caminhando tal estrada?



Que decisão nos conserva,

sabendo, de antemão,

o fim do fim destes nossos dias?



Que cerca é posta entre a encosta

e o salto no vazio do abismo

que fará, por entre crises,

aos restantes vivos, felizes,

dar Gracias a La Vida,

exclamar What a wonderful world,

é bonita,

é bonita,

é bonita...?



Sei que em toda essa história,

no pouco que reconheço,

há a alma desconhecendo

o que se embute na prece

que vem de Vós ao nosso reino.



Ora oro um mantra

(desencantatório...)

num treino um tanto insosso,

de repetir, quanto posso,

a oração do Pai Noaao.


Cecilia Ferreira