terça-feira, 31 de maio de 2011

BANHO (de cheiro, de lua... ou: como limpar ouro, prata, aço, cobre, bronze, estanho, enfim, metais!)




Acordou
cantando
a música:

“Eu quero um banho de cheiro
Eu quero um banho de Lua
Eu quero navegar...”?,
feito uma Elba feliz?







Eu também!

E se hoje é daqueles dias em que a sua porção mulher cheirosa e organizada acordou mais aguçada que em outros...

É preciso navegar na net e perguntar: Como fazer?

Isso depende: o que você acordou disposta a limpar?



Por mais vontade que você tenha... Por favor, não! Não pode ser a calçada da vizinha da frente(que bem precisava de uma lavagem), nem a bandeira do time do coração do seu filho. Contente-se em lavar a camiseta que ele usa para torcer.

E já que já falamos das nossas joias humanas (crônica: Espelho da Alma), e das joias que serão presentes para o próximo dia dos namorados (crônica: As joias e a moda para o dia dos namorados), bem podíamos limpar a prata da casa.

Quem? Seu cachorro? Bom... O meu pet também é a prata da casa. Mas... Podemos falar do banho dos cães e dos gatos amanhã?!

Temos também o ouro que é o companheiro e as joias que são os filhos. Não tem filhos? Amigos também são joias, joias muito raras.



........................................................Tá, então...


LIMPANDO OURO:


É sempre bom começar por eles.


Inshallah!

Porque o ouro pode ser difícil de conquistar, mas aguenta tranco!

Pra deixar limpinho você pode mergulhar em álcool, ou numa solução de amônia (quem dá uma solução sem receita, não dá solução, dá problema!; encontre as "soluções" e os "solucinhos" ao final da página), ou até numa boa mistura de bicarbonato de sódio e água.

Isso mesmo, aquele bicarbonato que tem na sua cozinha. Bom pra fazer biscoitos e curar aftas também (você sabia? basta um pouquinho sobre a afta, mas prepare-se: arde pra K-ramba!, mas basta uma vez, tchau afta!).

Depois é só enxaguar bem com água e deixar secar sobre uma superfície que ventile a peça por cima e por baixo (peneiras, varais,escorredor de pratos...), de preferência sobre um pano de prato de algodão (por incrível que pareça, o algodão neste caso, quanto mais furadinho, ou seja com a trama menos densa melhor. Velhinho e limpinho? Melhor ainda).

Suas joias também precisam respirar, como não?!

Olha, tem gente que fala pra secar sobre a serragem... Mas a serragem pode entrar no trançado dos seus cordões e dar pra você mais um trabalhinho extra.

LIMPANDO PLATINA: Pode usar a solução de amônia, ou a de bicarbonato de sódio, mas não é preciso mergulhar na solução. Umedeça um pano (de algodão) e dê brilho.

Depois de seco basta usar aquele pedaço de camurça se quiser mais brilho.

Quem tem óculos escuros, ou de grau, tem sempre por perto um paninho que se presta muito bem a esses polimentos (desde que também estejam recém-banhados!)

LIMPANDO PRATA:
Vamos polir com gesso-cré?

Oba! Vamos!

Mas... O que é gesso-cré?

Bom... na falta dele a sua pasta de dentes pode dar um jeitinho maneiro, ela leva um tantinho do tal gesso.

Mas caso queira o próprio, compre o gesso-cré branco de espanha, em lojas que vendem produtos odontológicos.

Mas, tascou o branco de espanha, e o pó de cré ficou lá grudado na correntinha?

Tudo bem. Agora é lavar com água e sabão de coco, ou outro neutro qualquer, alguns sabonetes também neutros dão jeito nisso; talvez precise de uma escovinha bem macia, caso a correntinha seja de trama bem fechada.

Se quiser poupar esse trabalho, esqueça o “cré” e mergulhe essas joias em uma solução de bicarbonato e vinagre.

Mas, no fim de tudo, o que você mais usa mesmo são as bijuterias de METAL? Água com amônia nelas.

E se ainda estão novas, com o brilho que a juventude confere, coloque na caixa onde as guarda um pedaço de giz branco (caixa com tampa, pra limpeza durar mais).



Giz?


É desses de lousa, mesmo!


Hein? Não, as bijoux não vão aprender a escrever, mas já que não têm cérebro, elas ficarão brilhantes por fora demorando mais a manchar e a embaçar.


Ah, se for de AÇO não adianta. Aí vai bem um alcoolzinho mesmo. E abandone a flanela, troque por um bom pedaço de camurça. Se não tiver um, e não souber onde conseguir um pedacinho, o seu sapateiro pode ter algum pra ceder.

Sapateiros andam em extinção? Verdade... Bom, então quem sabe aquele tapeceiro seu amigo. Não é seu amigo? Não faz mal, tenho certeza de que ele deve ter lá um pedacinho sobrando.

Mas nem só o pescoço, o dedo e o pulso levam metais. Hoje você tá a fim é de botar ordem na casa?

Tá!

TALHERES DE PRATA, depois de lavados, mantêm o brilho por mais tempo se forem postos numa bacia sobre uma folha de papel alumínio, e cobertos com água quente com algumas colheradas de sopa de bicarbonato de sódio.



Para embalar tem quem goste de embrulhar em plástico aderente. Mas, cuidado, só faça isso se tiver certeza de que seus talheres estão absolutamente secos. Ao embalar com um pouquinho de umidade que seja eles oxidarão mais depressa.

Atenção, produtos químicos mancham o ESTANHO. As vezes até algum sabão mais agressivo faz isso. E é uma mancha pra nunca mais ter solução!

Então tá... Eu vou dizer do que ele gosta...

Será que tenho coragem?

O estanho gosta...

Não vá me chamar de louca, antes de experimentar, tá?

Lá vai...

Repolho e ovos!
Garanto! Mergulhe as peças na água em que ferveu ovos, e para polir use uma uma folha de repolho.

Juro que não vão ficar fedidinhos.

Claro, que com um banho desses o estanho jamais vai brilhar!

Quem brilharia?

Mas vai manter o opaco tão característico que faz do estanho um ser bonito e nada estranho.

Para os CROMADOS? limpe com vinagre branco, ou solução de bicarbonato. Mas se quer que suas torneiras do lavabo, banheiros e cozinha fiquem realmente brilhantes...

(pst, não espalhe e pasme!)

... esfregue com farinha de trigo (todo AÇO INOX gosta de ser limpo com ela, mas pra tirar as manchas do inox o melhor é esfregar um pedaço de limão).


Calma, a farinha não precisa ser aquela, do mesmo saco. Pode ser da branca mesmo...

Se for verdade que faz mal à saúde, ao menos faz bem à torneira.



Vai ser bom se conseguir aquele pedaço de camurça, porque as peças de COBRE, quando secas, adoram ser polidas com uma camurcinha bem macia. Se com o tempo as peças azinhavraram, esverdearam, aderiram ao Green Peace, faça uma pasta de amoníaco e sal e... dê-lhe braço na esfregação!

Ah, não é cobre, é BRONZE? Remova manchas com terebentina, e para brilhar esfregue com um pano graxa de sapato (incolor, é claro!), ou óleo vegetal.

Para guardar joias, talheres e objetos feitos, ou banhados em metais preciosos, embale em camurça macia. Afinal quem não gosta de um carinho?

Beijinho.

PS: Amanhã juro que falo dos brilhantes, safiras, rubis, ônix, etc.

DICAS:

Solução de amônia 1: duas colheres de sopa de amônia, meio litro de água fervendo e sabão de coco (o líquido é melhor, depois em flocos; em pedaço complica, pode entrar nas frestinhas se for algum ouro trabalhado..

Solução de amônia 2: duas colheres de sopa de amônia, meio litro de água fria.

Solução de bicarbonato e vinagre: pra cada colher de sopa de bicarbonato adicione um quarto de xícara de chá de vinagre branco (não é o de maçã, nem o Agrin; a diferença está na quantidade de álcool que entra na composição)

Solução pra soluço:

HEIN?

domingo, 29 de maio de 2011

as JOIAS e a MODA para o DIA dos NAMORADOS


Sinal dos tempos...

Ah, as joias. Essas encantadoras de fêmeas.

Tá aí o dia dos namorados e as propagandas com os preciosos adornos pululam disputando um espaço no bolso do seu namorado, e um salto para o seu pulso, dedo, ou pescoço.

Vamos e venhamos um presente pro dedo está ficando cada vez mais raro. Indica compromisso, e eles não querem nem pensar!

Bom... Tá certo, vou concordar! Corrigindo: a condição estável decresce entre os hetero e aumenta entre os homo. De sorte que as propagandas oferecem brincos, pulseiras, colares e, igualmente, ainda, alianças.
E o que então é sinal dos tempos entre as joias, você me pergunta?

E eu respondo sorrindo: caveiras!

É que os adornos agora podem trazer crânios (sem encéfalo, claro!) cravejados de brilhantes. E é possível optar por caveira macho e caveira fêmea! Vejam quanta evolução!

Não. Posso garantir que não é preciso fazer DNA pra saber se a caveira é menininha, ou menininho. Sendo de ouro, o material é tão mais nobre que a nossa pobre carne que é impossível colher material genético. A caveirinha garante o sexo trazendo um lacinho, ou um par de ossinhos, à lá carte. Se quiser um presentinho mais indefinido também tem. Morceguinhos, e caveirinhas com um tapa olho em formato de coração! Ah a poesia que tem sido colocada na cabeça de nossas adolescentes!
Tudo tão etéreo... Bacana mesmo!






Ai! Cada ossada mais linda do que a outra!!!






O antigo cadeado com chavinha? Ah, ainda é in, ou agora se diz inside? Outside? Both at a time? É o caminho pro nosso coração... Quem se lembra de ter desejado um cadeado? Dado pelo namorado podia ser até de metal comum. Mas agora há um detalhe a mais... Mais...

Bom... A chave, então, pode ser em prata, ou ouro. Vai depender do tamanho do amor! Isso é o que querem os que estão vendendo ilusão. Na verdade vai depender do tamanho do bolso, então tem as pequenas e bem fininhas, sem brilhante nenhum.

Mas ainda assim uma chave! Ah, uma chave para o seu coração! Ai... Tão romântico isso! Pois é... Era! Não é mais... Agora a inscrição “love” tá em ampla queda, de mãos dadas com a moral e a educação no Brasil. Você queria o quê? Eu não disse lá no começo: sinal dos tempos?

Uma garota na moda, dessas que sonha em ser chupada por um vampiro translúcido e bonitão em noite de verão, não aceita nada mais, nem nada menos, do que uma caveira na orelha e uma chave com a inscrição “sex” no pescoço (que há de ser perfurado por dois dentões apaixonados).

O quê? Ah..., tá querendo muito! Essa não tem, não! Ficou doida? O que você quer? De que tamanho vai ser essa chave? É preciso muito ouro pra escrever “sexo com fidelidade”! Caro e serôdio! Ah, desculpe, serôdio quer dizer, ultrapassado, feito fruta que nasceu na hora errada e fica lá no pé, esquecida porque ninguém imagina que algo tão doce ainda possa estar lá.

Mas olha, se quiser uma coisinha mais parecida com um namoro, dos antigos, tem dois passarinhos encostando as cabecinhas... Sugestivo, né não?

Ah!? Você é das que têm saudades do tempo em que se lutava para não ser objeto sexual?
Sua... sua... serôdia!


Curiosidades:

* Dia dos namorados de 2011

Autoria: Cecilia Ferreira

o ESPELHO da ALMA





“ O Senhor é quem te guarda...” Salmos 5.121

Então hoje você tem aquela festa lotada de gente! Sabe que vai ser a melhor. Boa comida, bebida, e muitos conhecidos. Para alguns vai exibir a boa forma, a boa energia, o bom humor. Já de outros quer se aproximar para conhecer melhor e ver como são, como estarão, sobre o que conversam. Mas nada no mundo como os amigos. Então, telefona para uns e outros para saber se foram convidados, se irão. Combina de os encontrar; e de guardar lugares, uns para os outros.

Isso é o que a maioria das pessoas faz. E por quê? Porque o bom, depois de matar curiosidades e saudades, é estar entre os iguais. Ou entre os mais semelhantes a você. Porque só eles podem ser amigos de verdade, interagir com você, fazer com que se sinta bem. Iguais não na roupa, ou no poder aquisitivo, ou na intelectualidade, mas iguais no espírito. E estar com eles sempre, ou quase nunca, é indiferente. Quando está ao lado deles, em qualquer tempo e lugar, você se sente bem. São espelho, e como tal são refrigério para a alma.

Na natureza valorizamos o que é diferente. Quer apostar? Um diamante imenso é raríssimo, e por isso caríssimo. O Ouro é mais raro do que a prata, portanto vale mais. As pedras e os metais preciosos valem por sua pureza, e tamanho, e quanto mais raros melhor.
Já a natureza humana tem a tendência de valorizar o banal da exterioridade. A sociedade que privilegia o ser igual na figura. A figura não mais precisa ser pura. O importante hoje é procurar ter o mesmo peso e cor de cabelos, a mesma roupa de griffe e o sapato daquela marca idêntica, o jeans da loja tal e aquela bolsa (de plástico!) que –pasme – tem o valor idêntico ao de uma joia!

Você se considera normal porque é igual aos demais? Calma não comemore.
Avalie a sua semelhança. Note que o que o torna especial é justamente o ser um pouco diferente. Não se iguale aos que têm aparecido em manchetes fazendo tantas coisas deprimentes, deploráveis, pouco decentes.
Nós que erramos, mas queremos acertar, temos que parar de achar que temos que ser iguais.

Então você é comum. Uma pessoa normal e legal que mantém seus ensinamentos de ética, moral e amor dentro dos preceitos do amor de Cristo e a isso considera precioso. E traz, bem juntinho de você, alguém que outros não consideram normal? Se isso é verdade, você tem uma joia! Cuide bem!

Porque a joia humana é o ser diferente, aquele de quem o carinho e o amor brotam sinceros. Aquele que todos os dias no dá exemplo de superação, de alegria diante das dificuldades da vida. E só outros seres humanos maravilhosos, também raros, além de percebê-los como iguais, percebem-nos como preciosidades. Quem são estes? São muitos! São voluntários, de muitas instituições maravilhosas. São funcionários voadores de sonhos. Entre tanta gente e instituições podemos falar por exemplo da APAE.

A APAE de Araçatuba é muito especial, porque o trabalho de extrema dedicação é raro. Raro como o rubi, como a esmeralda, como a safira, e que raras e diferentes combinam entre si.

As joias da APAE são os especialistas que ali trabalham, os voluntários que se dedicam, e os atendidos que dividem suas dúvidas e sorrisos, lágrimas e certezas, só porque se sentem como em casa. Estão todos entre os seus.

Muitas vezes amamos nosso diamante, mas não sabemos como poli-los. A Apae tem as ferramentas e sabe como. Sabe que as joias da APAE são também pais, mães, irmãos e parentes que acompanham e convivem com cada preciosidade. Porque não existe o lapidar apenas um lado do diamante. Lapidar o diamante para que ele brilhe e mostre o seu melhor, é trabalho de especialistas, como é trabalho de quem traz a joia junto de si.

* Crônica publicada na coluna Tête-à-tête, de Cecilia Ferreira, no jornal Folha da Região em 29/05/2011

sábado, 28 de maio de 2011


Admiro os verdadeiros poetas, esses seres nos quais a ação penetra e se traduz em signos rítmicos e significados vários.

Eu? Persigo o poema como um viciado persegue os mesmos números em toda loteria.

Talvez um dia eu acerte.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quem é a besta?


Entrei na loja.

Poxa, eu só queria comprar um edredom macio e envolvente. Afinal, ao menos na hora do sono, deveríamos ter o direito de sonhar com um mundo melhor.

E para sonhar com esse mundo é preciso no mínimo uma cama macia, porém firme, e se possível com um cobertor suave, que aqueça esses dias de inverno que hão de piorar. E é preciso que seja leve! De pesado bastou o dia que você teve.

Então entrei na loja, a colcha da minha filha já perdeu a maciez. Quando a comprei não me lembro de falarem nos fios. Com certeza era feita de fios, ora. Mas agora, se quiser dormir macio, é preciso perguntar: Quantos fios? Então, na tal loja os fios do algodão eram poucos para os números do valor monetário que eram muitos.

Macio, eu repeti.

E leve, tem que ser leve!

A mocinha resmungou: “Então você quer cobertor soft!”

Uai, soft não quer dizer macio, só que em inglês?, respondi.

E ela retrucou fazendo uma ligeira careta para a minha ignorância: “Se não quiser soft pode ser microfibra também...”.

Quantos fios?, indaguei.

Rindo a garota respondeu: “Ah, esse não tem fio!”.

Não? Então de que jeito é fiado?, exclamei.

A atendente me olhou como quem olha uma louca, e disse: “Olha, fiado a gente não vende,não!”

Deixei os detalhes pra lá, o que eu queria era chegar em casa com o presente pra minha filha, uma trabalhadora incansável, mas humana.

O que você tem de mais macio?, pedi com um sorriso. Ela trouxe coisas de cores um tanto elétricas. As tais cores choques, da moda!

Socorro!

Explico o meu pedido de ajuda...

Restart em inglês quer dizer recomeço.

Restart, no Brasil, também é o nome de um grupo musical. Um conjunto formado por garotos, jovens demais, cabelos espetados e passados a ferro demais, usando calças e blusas apertadas demais, passadas a ferro de menos, mas descombinadas demais, com comprimentos incongruentes demais, e cores elétricas demais.

De menos? As letras das músicas e as melodias, excelentes para criancinhas que ainda não conseguem apreciar coisas mais sofisticadas.

Mas, como eu dizia: Socorro!

Agora temos que dormir como se estivéssemos no meio do barracão dos tecidos e retalhos que sobraram do último desfile da Beija-flor de 2011? Pra que tanto berrona cor? Tá certo,o desfile foi campeão. E, diga-se de passagem, ninguém teve coragem de dizer a verdade: ô desfilezinho de mau gosto. Até pra carnaval era demais.

Ah, que me desculpe o rei Roberto, mas quando eu usava as calças rancheiras, rosa na frente e vermelha atrás, a la Wanderléia (é perdoável, porque eu tinha nove anos de idade), que o meu paladar evoluiu.

Enfim, o investimento do Rei Roberto na escola e na Globo foi grande, portanto vamos combinar que a vitória imerecida foi merecida.

Mas, como eu dizia... Eu disse pra moça: Socorro! Não tem aí nada mais démodé? Ela me olhou esquisito de novo e eu traduzi: nada mais fora de moda? Sem estampas, um beije, um verde musgo, um rosa suave?

Acabei encontrando duas coisas: um roupão de microfibra, desses que papai do céu abençoa e deseja para cada um de nós, e um... um... Cobertor? Será que a palavra cobertor serve pros softs? Enfim, um agasalho para a cama: soft!

Agora era pagar e embrulhar...

Pensa que acabou a novela? Acabou nada!

Enquanto o presente era embrulhado, a mocinha me embrulhava. Entregou um formulário e disse: “Você é cliente nova, preenche!”.

Não perguntei como haveria de ser cliente velha se a loja só tem dois meses deinaugurada... Mas, tudo bem, fui preenchendo o que era razoável, e pulando e ignorando o excesso de informações pessoais. Não me lembro de ter trocado confidências com ela, oras!

Cheguei ao caixa, e o meu cartão passou sem problemas. O formulário? Adivinhe!

Não!

A mocinha do caixa, quis a data do meu aniversário, telefone, endereço residencial, comercial, industrial, registro na biblioteca, número de assinante na Folha da Região, nome do clube que frequento, C.I.C, RG, e PQP. Só faltando registrar a próxima ida ao meu dentista e se a última mamografia que fiz garantiu a ausência de nódulos.

Disse que se eu não entregasse o currículo completo o “sistema” não concluiria a venda.

Companheira da pressa entreguei tudo me sentindo como se estivesse com as mãos para o alto, e o ferro de uma arma cutucando o meio do estômago.

Saí, com os pacotes sendo carregados por uma terceira sorridente mocinha. Que deve ter sido orientada para enxergar cada cliente como um bandido em potencial... Mas a assaltada fui eu! Levaram todos os meus dados como se fossemos velhos amigos. Minhas confidências numéricas estão todas lá, ao Deus dará.

Juro: não volto mais naquela franquia, enquanto as lojinhas de gente conhecida que vivem no interior paulista permitir.

Quero um moderno “restart” do movimento hippie, não do movimento Jovem Guarda. Quero pintar a cara de paz e amor e viver numa sociedade que conhece, reconhece, confia e ama.

Porque talvez eu não esteja pronta para ser um registro, na lista da Besta Apocalíptica, a ser sugado e perseguido. Não quero ser um conjunto de números e nada mais.

De besta basta a Besta, não precisam de mais esta besta aqui.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

* Quando todo mundo é levado a achar que sofre de bullying, discriminação, e/ou preconceito, ninguém mais tem medo de ser feliz.

* Não se pode ter medo do que já não existe!

* Esta crônica é de autoria de Cecilia Ferreira, permitida a reprodução, desde que citada a autora.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A roupa que faz o chique










O mundo das passarelas não é feito de inspiração interior. Moda não se copia nem se cria. Moda é reflexo. Desfilar em eventos ou pela vida afora é bom, porém não é tudo, bem como a palavra tendência nem a tudo se aplica. Há coisas que são eternas.

Ser gordinho já foi o máximo, tanto que pinturas renascentistas temperavam a imaginação masculina retratando senhoras cheinhas. Naquela época poucos podiam alimentar-se bem e gordura era determinante, sinônimo de status.

Se hoje grande parte da população dispõe de meios para gastar menos energia e comer bem mais do que o suficiente (e por isso engorda) o que demonstra superioridade econômica é o inverso: manter-se no peso ideal pagando por bons remédios, médicos, academias, massagistas, cosméticos, personal trainers, etc. Daí a atual tendência que desnuda e expõe ossaturas.

As mulheres modernas já não seduzem pelo tempero do mistério, no entanto podemos comemorar o fato de que tendências não mudam aquilo que se é. Porque a roupa pode fazer o monge, mas a grife não faz o chique. Raramente magreza e roupa carésima e de marca tornam alguém elegante.

A elegância tem dois lados verdadeiros. Um nasce ao cunhar da moeda traduzindo indizível quê interior: a incomum, indefinível, mas perceptível, delicadeza; o outro lado dessa moeda de ouro está no que transparece, é a um só tempo cara e coroa, é o exterior, é o que pode e deve ser trabalhado: o gestual, o caminhar, o trato e o falar ao outro ser humano.

Houve períodos em que esforço, cuidado e tempo gastos para se fazer qualquer utensílio ou peça de vestuário parecia bastante proporcional ao preço, mas ainda que não seja mais assim podemos comemorar. Porque se hoje o que é ruim e mal feito pode ser dispendioso, o que é bom e barato por não agregar valores publicitários pode ser comprado sem alto poder aquisitivo; e aí, é revestir sua natural elegância com leveza e bom gosto.

Mas para estarmos sempre na moda há uma fórmula infalível e simples: amar. Amar nos faz finos, graciosos, corretos. Melhor, amar é garantia de retorno. E se houver caso em que o outro for incapaz de reconhecimento e doação, não importará, pois será ocorrência absolutamente perdoável.

O fácil é que, em qualquer tempo, trajar-se de amar e de perdoar só depende de vontade pessoal, e isso é elegante e chique. Muito chique.



Curiosidades:

• Circula por aí uma crônica atribuída a Glória Kalil (desculpe Glorinha, quando eu tiver certreza de que é sua coclocarei aqui o crédito) dizendo que para ser chique não se deve fazer certas coisas...

• Rir alto está entre as coisas que não se deve fazer.

• Gargalhar está entre as coisas que faz bem à saúde.

• A crônica talvez queira dizer que ser escandalosa não é chique, debochada muito menos; mas...

* ...Ser saudável é chiquérrimo!

• Ria alto, baixo, ou como o seu corpo pedir; mas que seja o riso mais autêntico, aquele de pura felicidade!



(Crônica de Cecilia Ferreira, esta autora, metida a entender de tudo um pouco, publicada em 27/07/2007 na coluna Soletrando – da Academia Araçatubense de Letras – jornal Folha da Região)

terça-feira, 24 de maio de 2011

INTUIÇÃO





Cismas, seivas,
cultivares,
sobressaltos…



Já te sabia corpo,
não divisava a silhueta.
Já pressentia a íris
e jamais vira a contração.
Intuía o sonoro do sorriso
sem que houvesse soado
o repique em meus bigorna e martelo.

Vinhos, versos;
singulares
os sinais.

Enfim o dia em que me deste
teu contorno, teu brilho
e o tilintar, na face cristalina,
de enigmas abissais.



CURIOSIDADES:

• O “Chat” em que eu e meus irmãos entrávamos para nos comunicar, por coincidência, ou simples ocorrência, era uma sala cheia de escritores escondidos sob seus respectivos apelidos (nicknames).

• É provável que naquela época a maioria dos frequentadores da internet fosse escritora ...

• Enfim, fazíamos desafios linguísticos vários.

• Desafiada a escrever um poema com as palavras: enigma, abissal e martelo, on line e ao vivo, desaguei em INTUIÇÃO.

• A “nicka” que propôs o desafio estava prestes a conhecer o “nicko” com quem trocava “teclas”.

* Poema do livro "Vinhos", subdivisão "Mélicos",ed. Nankin - permitida a reprodução desde que se lembrem de colocar: "autoria de Cecilia Ferreira"

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Você é mais!

Humilhante não é errar, humilhante é não querer aprender.







Degradante é permitir o erro. Degrandante é ver errar e não corrigir.










Evoluir é aprendizado. Se tentar e errar fosse ruim o homem ainda andaria de quatro.


Quem é vivo aprende!

Mantenha-se vivo, portanto!




* Os "pensamenticos" aqui contidos (excetuando-se Cícero e Clarice Lispector, claro!) são desta autora, que não se importa em ser reproduzida e/ou citada. Mas... Lembre que existo: Por favor, não se esqueça! Meu nome? Cecilia Ferreira. Obrigadinha! ;)

domingo, 22 de maio de 2011

E o direito de ser feliz?






















A ninguém deve ser dado o direito de permanecer ignorante; porque isso não é direito, é retrocesso, é falta de investimento governamental.


A ninguém deve ser dado o direito de se julgar incapaz e indefeso, muito menos a uma criança; porque isso não é bullying, é falta de investimento governamental.

A ninguém deve ser dado o direito de usar crack, ou outra droga qualquer; porque isso não é condescendência e apreço, mas é descaso e conivência com o suicídio decorrente da falta de investimento governamental.

A nenhum nordestino, sudestino, sulista, nortista, e/ou centro-oestino deve ser dado o direito de se julgar um fraco e um inferior; porque o brasileiro “é antes de tudo um forte”. E toda fraqueza e injustiça advém de um governo incapaz.

A nenhum brasileiro deve ser concedido benefício exclusivo, seja pela etnia, pelo gênero, sexualidade, e/ou credo e fé; porque isso vai contra a constituição deste país, que por si, se respeitada e feita valer por um governo decente (que para isso e nada além disso foi eleito) é capaz de manter a paz a ordem e o progresso.


CURIOSIDADES:

* Quando todo mundo é levado a achar que sofre de bullying, discriminação, e/ou preconceito, ninguém mais tem medo de ser feliz.

* Não se pode ter medo do que já não existe!

* Esta crônica é de autoria de Cecilia Ferreira, permitida a reprodução, desde que citada a autora.



sábado, 21 de maio de 2011

Conversinha Futurista












BLOGUEIROS MAIS IGUAIS QUE OUTROS
CONVERSINHA FUTURISTA
ou O FIM DA PICADA






No senado, enquanto aguardam começar a sessão, presidente e ministro conversam amenidades cinquenta anos de pois...

Amigo do autor: Ué, não é "depois", tudo junto?

Autor: Era, mas agora tanto faz!

Amigo do autor: Ah, tá!

... como eu dizia, cinqüenta anos depois de instituído nas escolas o livro de eloísa galho.

Amigo do autor: Quem?

Autor: A do “Preconceito Linguístico”...

Amigo do autor: Olha aê, cuidado. Linguístico sem trema, hein?

Autor: Claro, deus me livre de cometer um crime.

Amigo do autor: mas Galho, quem?

Autor: A muié que acabou com os plural.

Amigo do autor: Ah, a Heloísa Ramos?

Autor: Essa!

...então, há aqui um parênteses, vale lembrar que o Ministro, apesar do risco da discriminação estudou fora do país. Enquanto o presidente pra poder governar se deu ao trabalho de ler os livros sobre discriminação aprovados pelo Conselho do Escracho Metodológico, o famoso CEM.

Enfim, presidente e ministro conversavam sem perceber que seus microfones estavam ligados e que quem estivesse com fone de ouvido podia escutá-los:

Ministro: É o fim da picada!

Presidente do Brasil: Oba! Vamu anunciá os fim dos inseto das dengue!?

Ministro (assustado fala baixinho): é... Locução!

Presidente do Brasil: O quê? Tá tirando uma? Ou o cara é louco, ou o cara é são! Louco e são não dá, né? Tá me chamando de burro, é? Os dois junto num pode. Ou qué que eu mande chamá a patrulha da galho?

Ministro: Galho? Quem? Ah, Ramos?

Presidente do Brasil: É tudo a mesma coisa: ramo, galho. Nem importa mais o plural. Deixa eu falá.

Ministro: Isso é falácia, senhor presidente.

Presidente do Brasil: Falasse, falasse...Que importa as conjugação? Tá me acusando de num sabê conjugá os verbo "falá"?

O ministro fica constrangido.

Presidente do Brasil: Ah... Vô perdoá, chegô tem poco tempo, de fora, dos tal estudo... Você precisa é lê os livro da eloísa galho.

Ministro: Presidente, falasse é primeira pessoa..., pretérito... é..., imperfeito do subjuntivo. Enquanto falácia...

Presidente do Brasil (ficando indignado): Quem que é esse tal de Prefeito? Não conheço a cidade de Subjuntivo! Chama o prefeito já aqui! Pretérito panaca! A primeira pessoa sô eu, sempre!... Mas depois vemo isso, eu dizia que vossa Insolença deveria ler os livro de eloísa galho.

Ministro (gargalhando sem se conter): Mas essa daí é a com agá, sinônimo e plural, ou é a outra?

Presidente do Brasil: Cadê os meu pelotão de bandido da União? Melhor ainda, chama a minha guarda pessoal de traficantes de alta periculosidade! Prendam já esse ministro preconceituoso! E tem mais, aquele menino branco que ganhou cota pra universidade porque o primo do ministro, que era meu amigo, conseguiu? Tirem já o benefício, que neste país todo mundo é igual, e as cota é só prus negro.

(na galeria do senado)

Estrangeiro: Eu não entender bem a conversa, ser proibida a discriminação por aqui?

Brasileiro mais igual que os outros: Claro! Somos democratas!

Estrangeiro: E o que ser cota só para negros?

Brasileiro mais igual que os outros: Igualdade, oras!

Estrangeiro: Não entender... Acho que..., meu português não ser muito bom. E o presidente não querer dizer “pelotão de policiais”? Ou “minha guarda militar”? Bandido e traficante não ser gente do mal?

Brasileiro mais igual que os outros: Não. Decidiram que era discriminação acusar os cara de ladroagem, tráficos de droga, pedofilia, estupro, essas coisa. Proibiram botar os aluno que usava drogas pra fora das escola, essas coisa. E proibiram os prefesso ingigente de achá errrado todo isso e todo aquilo. Aqui é democracia, ou nada. Liberô geral.

Estrangeiro: Então acabaram com o sistema penitenciário?

Brasileiro mais igual que os outros: Ficô maluco? Onde é que iam prender as pessoa qui nem esse ministro porco, corrupto e preconceituoso?

Estrangeiro: ...?

Brasileiro mais igual que os outros: Mas,olha, você não é daqui... Deve tar desenturmado. Você é blogueiro? Olha, o presidente vai receber os blogueiros daqui um pouco.

Estrangeiro: Ah! Agora sim, que democrático! Escolher uma camada penetrante como essa. Todos os blogueiros, agora sim. Onde vai ser?

Brasileiro mais igual que os outros: Espera aí!!! Não vai querer acabar com a tradição! Desde 2010 que nos reunimos! Esqueci de perguntar! Você é blogueiro e progressista? Porque se não for progresista não entra!

Estrangeiro: ...?




CURIOSIDADES:

* Não bastam essas acima?

* Eu sei que esse assunto tá dando pano pra manga... Mas é irresistível! E alguém tem que ficar na resistência neste país amado!

Bjks!
Autoria: Cecilia Ferreira

sexta-feira, 20 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

MEMÓRIA





















Nos vasos, às vezes
os copos-de-leite,
acácias-mimosas...
(mamãe não colhia espinhos das rosas).

A sala da alma recende a florir.

O corpo, prostrado,
no morno tapiz,
foi outeiro da memória,
recriando a sensação,
da velha casa de campo,
em meu Campos do Jordão.

Do azul, vermelho
– apolíticos –
vertia a luz do vitral,
e redesenho no chão
formas que agora suponho
e o taco-vidrilho
recorto com a mão.

A sala da alma transcende o matiz.


No declive do gramado
rolando minhas lembranças
(lânguido rola meu corpo
ou é o mundo quem dança?)
até tocar o cedrinho,
cerca de um mundo criança.

A sala da alma cultiva o jardim.

Do fogão à lenha,
quem cozia celebrava:
- Todos ao caramanchão!
Ah, interminável deleite
De comer-chupar pinhão.

A sala da alma tempera o sabor.

Tanto o frio encanecia
as protetoras janelas,
que ao amanhecer o dia
dedinhos desenhadores
debuxavam, desdenhosos,
no vidro, a vida, o futuro.

A sala da alma se agarra a seus muros.

Pois hoje, destino feito,
eu recrio a sensação:
pinheiros, cedros e cheiros,
redes, paredes, vitrais,
edredons, embalos, sons,
fulgores e seu clarão...
da velha casa de campo
em meu Campos do Jordão.


CURIOSIDADES:
• Esta casa realmente existiu.
• Este é o único poema baseado em fatos absolutamente reais do meu passado.
• Fomos mais de 50 primos-irmãos por parte de pai a frequentar e a dividir a casa nas férias.
• Todos temos a mesma memória e saudade.
• A casa ainda está lá, linda!
• Nada apaga a saudade, porque o gosto é de infância.
• Homenagem a minha mãe que me ensinou a colher flores e a ignorar os espinhos.
• Homenagem a Aurora que, em Campos, preparava os pinhões colhidos em nosso jardim e fez os doces mais inesquecíveis de nossa infância.
• Homenagem a meu pai, poeta da Academia Paulista de Letras, que faz parte integrante destas saudades.
(poema do Livro "Vinhos", subtítulo "Raros", editora Nankin - reprodução permitida desde que citada a autoria de Cecilia Ferreira)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Errar é o oh, mano!





















Sebastião escreveu na lousa a frase com agá: Herrar é o mano!

“Não aprendeu nada com os professor?”, perguntou Gumercindo Epitáfio Destinare Vernaculu Fallere.

Então, Gume Epitáfio foi lá e escreveu: Errar é humano.

Seba, o estudioso Tiãozinho, explicou: “Herrar é o nome do meu irmão.”

A classe caiu na gargalhada.

No intervalo, Epitáfio, na curva para o banheiro, deu um pau em Seba: “Pra você aprender!”

Gume estudava pouco, vinha de família desestruturada e usava drogas. Já a família de Sebas, mesmo carente, era unida. Os pais ensinavam amor e no final dos dias de trabalho auxiliavam-se mutuamente nas tarefas da casa e da escola. Não que os problemas não existissem, mas nos finais de semana iam à igreja, corriam com a meninada da vizinhança. Na maioria não era gente que quisesse ser jogada na vala da mediocridade por governos paternalistas impositores de dominações e corrupções.

Gume era faca afiada. Batia e na hora agá se fingia de coitado. “Só pras autoridade, sacomé?”. Era assim que se safava dos roubos e tráficos em que se metia. Precisava manter o vício, e queria um dia ter corrente grossa no peito feito o Janjão Tetrápode! “Imagina aê um Tetra que Pode! Também quero ser um Tetra Póde!”. E foi Janjão quem deu apelido a Gume: Laran-Jerico. Com Janjão ele aprendeu a dizer: “Ó os direito das criança! Vô dar parte dos polícia! Ah, si os do Direitos Humano te ver!”.

E Sebas, depois do intervalo, na sua inocência, ficou calado achando que protegia Epitáfio. Ao entrar na sala, olho roxo e mancando, ninguém falou nada. Nem a professora, que andava orientada pelo CEM (apelidado de Comissão do Escracho Metodológico) a não interferir, deixar rolar e estar pra ver como fica.

Gume passou a trazer consigo um livrinho: Discriminação Linguística. A ele bastava a finalidade do subtítulo: Não seja vítima! A mestra que se atrevesse a corrigi-lo! Cadeia nela! Gume não era tão burro que não aprendesse a se safar do errado com as palavras certas: preconceito, bullying e discriminação.

Janjão exulta! Contar com o desserviço de acusar de preconceito linguístico! Como não pensaram nisso antes? Manter os laranjas bem subordinados pela ignorância! Que bom poder contar com o medo e o conformismo dos mestres! Certo o CEM! Não havendo o que corrigir não há o que receber!

Na passeata que Janjão organizou na comunidade Gume era o primeirão: “Viva o CEM! Abaixo us professô! Vamo acabá com as categoria onerosa! (Onerosa?) É, meu, oneroso é caro! (Tá, entendi!) Sai caro pru guverno! Fim dos mestre dependente da máquina! Desviador de verba dos bolso governista! Uns culpado pela falta de asfalto, água, esgoto, e saúde. Vamu pará de pagá salário dos professor inútil e preconceituoso!”

Fala a verdade, fez falta umas poucas letras nas palavrinhas acima? Claro que não! Você entendeu tudinho! Vê lá, hein? Não reclama, seu professorzinho dedo-duro de meia tigela! Porque só pode ser “natural passar pelo governo e enriquecer”, como querem alguns circenses, se a cambada docente sanguessuga não gastar a grana com tanto inútil ensino!

Mas, se tem certeza que Gume preferiria não estar entre os jumentos do Janjão se soubesse que tetrápode é o mesmo que quadrúpede,estamos juntos; e que isso é coisa que se aprende, ou se aprendia, na escola; e que a boa escola, ela sim, era arma; arma de paz, para se usar na vida, contra os maus governantes e os maus mestres!, estamos juntos. Juntos em defesa desse que é o verdadeiro (e hoje largado às traças) desarmamento.

Errar é humano?

Na verdade errar é o oh!, mano!


*Crônica inconformada de Cecilia Ferreira. Permitida a reprodução do inconformismo deste desde que citada esta inconformada autora!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Saudades do Correio? Elegante!, e/ou Chupar Mel no Favo.








Tem saudades do bom e velho correio? Pode ser que volte a querer usar!

O infeliz andava tão esquecidinho em meio a tantos bites e bites, vídeos e sonoridades, micros e macros, vídeos, fotos e fatos modernos...

Mas talvez a carta tenha saído ilesa da UTI em que foi colocada.

Parece que ela está no quarto, e como não é pelo SUS, já pode receber visitas!
Ou... Fazer visitas!

Tudo no particular e no viva-voz!

Muito romântico. Se você já tem letra feia de tanto digitar e pouco escrever à mão, não sofra. Chegou a solução!

A nova cartinha tem um gravador de até três minutos (será mais barata ou mais cara do que uma ligação?). E basta abrir o envelope. Todas as vezes ele repetirá a mesma mensagem de amor!

Duro ser for mensagem pra terminar um namoro, fazer cobrança, ouvir o desafeto dizer o quanto... Hã-rã...

Bom...

Para os corações apaixonados a sensação da proximidade da distância pode ser igual à chupar mel no favo. Vai ter aquele gostinho de cera, mas é doce e diferente! E... dependendo do que for dito você pode achar que veio junto uma abelhinha zumbindo romanticamente na sua orelha.

Dia dos namorados tá aí!

Que tal?

Ah, as festas juninas também não estão longe, e afinal, esse correio é elegante, se quiser agradar o Antônio (vai que o santo anda amarrado e dependurado de cabeça pra baixo na casa da namorada?... ou agradar ao) sua(seu) ficante! Ficante também sonha!

Autoria: Cecilia Ferreira

domingo, 15 de maio de 2011

Do CHAT

Será que sala de chat já é chato? Pura antiguidade? Ainda estão lá. Existem. Deve haver quem use. Mas a famosa dependência dessas páginas deixou de trazer tanta preocupação.
O perigo agora, é como o temor do “homem do saco”. Existe, mas pouca gente vê. Porque hoje desde cedo os pais ensinam os filhos a desconfiar e temer a figura invisível do outro lado da tela.
Porque perigoso mesmo foi o dia em que você foi gerado, depois disso tudo é questão de escolha.
Vamos ao poeminha:


Cantam!
Unem-se!
São vozes
em torno de um alvo só,
desenrolar de novelos
e o desatar desses nós.
Corredores, portas, brechas,
profundas perspectivas,
labirintos vasculares,
plenos de interrogações.
Pulsares,
Falanges aflitas,
teclados (em java?)
e hesitas
entre o real impalpável
e o virtual categórico.
Absurdos,
mistérios,
saíres fora do sério,
para depois aceitar
infames incongruências
dos fatos, fitos, boatos.
Calares perguntas da alma,
guardares no olhar a calma
que teima em não se mostrar.
Nas palmas das mãos
– segredo –
Reveste o sonho de medo
na tão imensa aflição.
“Retorna!”
o cérebro grita,
“não vês que é uma contramão,
Insano ser estressado?
Larga já desse teclado,
Senta agora do meu lado,
Que eu sim te dou refúgio!”

E sacodes a cabeça
– inconformada
rebelde –
pra afastar os impropérios
que a lucidez quer contar.
E voltas os olhos
– aflitos –
aos dizeres em negrito:
exclamações, reticências,
parênteses, aspas, ênclises,
chaves, hífens e o tal ponto
– Ah! Interrogação.

Ficas sempre sem resposta,
entre quedas e travadas,
provedores inconstantes,
browsers que na madrugada
resolvem te abandonar.
E ainda assim não desistes!
Vício como outro qualquer,
injetas nos olhos
a tela
e pensas no teu absurdo
“se tudo
corresse a content
e soubesses as respostas
de quem fala do outro lado,
ainda seria sedante,
deste teu sonho velado
– o veículo citado
mesmo que por um instante –
de seres de novo menina?"
Ah, essa tal de Adrenalina!


CURIOSDADES:

A internet chegou em Araçatuba pouco antes do final do século passado.

Uma determinada sala de chat foi o melhor meio de comunicação com os irmãos, que moravam em outras cidades. Acabamos fazendo (um irmao casou-se com uma "nicka", hoje cunhada querida) e/ou acompanhando romances e dramas por meio de "nick names" (apelidos/pseudônimos) dos que frequentavam aquela sala.

Mesmo sendo tão visitada, rapida e menos misteriosa do que ja foi, a internet ainda me encanta e impressiona, como a quem nasceu do lado de cá do espelho de alguma Nárnia e penetrou por erro na crônica alheia.

O poema "Do CHAT" foi escrito em fins de 2002. Não poderia imaginar que menos de dez anos depois, ao repensá-lo, o acharia tão ultrapassado.

Atropelado diante de twitters, facebooks e etc.

PS: Permitida a reprodução deste ou de parte deste, desde que citada esta autora, Cecilia Ferreira.
(o poema acima pertence ao livro de poemas Vinhos, subtítulo: Cítricos, editora Nankin)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Perdi o vestido... E daí?!


Hoje não era um dia como qualquer outro. Havia aquela festa! Super esperada. Mais esperada ainda porque sabia que estaria linda. E sabia disso porque nunca tinha se sentido tão bonita em roupa nenhuma! Pois é...

Dizem por aí que a mulher se veste para outra mulher. Verdade? Pode não ser o seu caso. Você é daquelas que se veste pra você mesma. Ótimo! Como tem que ser. Ué, e estar vestida para ele é vestir pra você, e por você! Então?

E depois, quanto mais gente olhar melhor! Assim, ele vai se perguntar como foi que você quis ser só dele, né? Não? VoCê acha que depende? Por quê?

Ah...Tá certo! No melhor da festa você perdeu o vestido! Todo mundo ficou olhando... E acha que essa não é a melhor forma de ser admirada em público... Tá certa! Ainda se fosse só você e ele... Ele quem, o vestido? Não! Digo você e o amado. Não que ele vá ajudá-la a ficar com o vestido. Por ele, você pode jogar o vestido fora, claro!

Mas você ama a roupa e nunca esperou que aquela senhorinha fosse tropeçar e cobrir a sua roupa de vinho tinto. Ah, não foi nada disso? Esbarrou no candelabro no meio da mesa e encheu o tecido de cera quente? Ou era uma tropifest e a fruta suculenta em que você deu uma mordidinha, de leve, feito Eva no paraíso, escorreu o sumo na linda saia rodada? E agora tem certeza absoluta de que perdeu o seu mais deslumbrante vestido para sempre!

Perder um vestido assim é pior do que ficar pelada no meio do salão! Mas não se desespere. Existem soluções práticas.

Gordura em tecido delicado: talco em cima, na hora! Se não for possível obter o talco, quando chegar em casa umedeça o local, espere a mancha reidratar e coloque então o talco. Quando secar é só retirar o pó que chupou a gordura e lavar com o cuidado com que se lavam roupas delicadas.

Hein? Não sabe como é?

Lavando roupas delicadas: sabão neutro (de coco, líquido ou em flocos) e pra evitar esfregação, que dá aparência de antiguidade ao tecido, faça como na postagem "Travessuras de travesseiro", neste blog. Mas lembre-se que aqui falamos de um vestido suave, do seu adorado vestido, e não de um monte de paina sintética, ou penas de ganso afogado. Esprema com muito carinho. Faça de conta que está lavando a pele do seu bebê, ou `carinhando` o marido.

Mas quem falou que era mancha de gordura? E a cera quente?! Pior é que pra combinar com a festa as tais velas eram coloridas... Tinham um monte de corante! Tá bom...

Cera quente: É! a cera fica seca rapidinho, e penetra pra caramba! Então primeiro raspe o excesso ao máximo. Raspar como? Com uma colher de metal, dessas colheres mais simples, com as bordas mais finas e menos arredondadas do que os talheres mais chiques, ou então use a unha mesmo.

Aliás raspe sempre, antes de outras providências, todo o excesso de qualquer tipo de mancha que não seja totalmente líquida com a colher(vômito por exemplo - ahrgh - mas qual mulher não entra em contato com bebês, ou com bêbados?). Tá, no caso da cera até que dá pra usar a unha!

Bom... continuando: tábua de passar, sobre ela o vestido, sobre o vestido o papel pardo, e finalmente sobre o papel pardo o ferro de passar morno. Vá transferindo a cera que está no tecido para o papel, mudando a posição do papel até que ele tenha chupado toda a cera. Se o colorido do corante resistir aplique alcool metílico.

E o vinho tinto? Para esse há dois sistemas, um é jogar vinho branco imediatamente. Parece mentira? Mas funciona mesmo! Já fiz o processo mais de uma vez. Depois enxugue o máximo de líquidos com papel, ou outro tecido absorvente. As vezes o que está à mão é o guardanapo. Fazer o quê? Não tem tu, vai tu mesmo! O outro meio é o nabo. Se estiver num jantar japonês, vai encontrar nabo com facilidade. Pois é... Nabo. Esfregue o tal sobre o vinho ou suco de uva derramado, mesmo que ele esteja raladinho. Você vai se surpreender. Pode continuar aproveitando a festa; vai ter sumido a mancha escura. Mas não deixe de, depois, em casa, lavar com cuidado a sua amada roupinha.

Falando em suco de frutas... Um alvejante natural para suco de frutas é o sumo do limão. Qual restaurante, ou festa deixa de ter limão? Se a mancha for recente pode usar álcool metílico também. Ah,que pena! Só reparou quando chegou em casa e a mancha já estava seca? Uma solução de água morna e glicerina em partes iguais pode resolver o seu problema!

Poxa, não era sobre nenhuma dessas manchas que queria falar?

Chocolate, chá, bolor, desgaste, suor, urina e até água? Tudo bem, a gente conversa mais outro dia. Hoje é sábado, não perca o humor, o juizo, nem a roupa!


Bjins! :)

Autoria: Cecilia Ferreira

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Travessuras de Travesseiro







Tá!


Então você tem aquele, que você ama. Amigo de muitas horas, especialmente na hora das folias noturnas! Só que o seu companheiro, que antes aceitava a presença dele sem hostilidade, quer que você se livre do pobre! Eu sei, você quer que o velho travesseiro continue a fazer parte da sua vida. Afinal de contas tem sido um incrível coadjuvante.



E você até reconhece que o cheiro de mocotó que caiu em bueiro em dia de enxurrada inunda o quarto toda vez que você o aperta. Mas não está pronta pra se livrar dele! Ele que enxugou tantas lágrimas e se espremeu com você a cada canto de alegria.



Não se desepere, tudo tem salvação!



Encha a banheira. Não, não é para seduzir o marido e fazer ele aceitar na marra o amiguinho fedorento. Não!! Nem para afogá-lo!! É, sim, para dar um banho! No travesseiro, claro!



Na banheira use sabão de côco líquido, ou em flocos.



Amasse o travesseiro e deixe que chupe novamente a água algumas vezes. Não se esqueça de trocar a água para uma última lavagem com amaciante bem cheiroso. Ou essência de lavanda, alfazema, ou rosas... Quem sabe do que o seu companheiro gosta melhor do que você?



Se morar em apartamento, tiver pouco espaço ao sol, ou faltar secadora, não sofra! Esprema manualmente pra retirar o excesso de água, e o coloque pra centrifugar. Pra fazer contrapeso coloque bolinhas de tênis, ou os patinhos de borracha do seu bebê. Aquele tênis usadíssimo do seu filho não serve! Escolha coisas limpas, ou vai ter que começar tudo outra vez!



Aproveite pra comprar um novo travesseiro. Sabemos que no princípio ele vai ficar ali, tristinho e abandonado. Mas é só enquanto ele se acostuma com a casa, o seu jeito, e a intimidade do quarto. Fique tranquila! Ele vai superar os ciúmes, do seu travesseiro antigo, não do seu marido! Devagarinho, ele e o travesseiro vovô que depois do banho anda todo espigadinho e cheiroso, vão ficar amigos bem acomodados. Com o tempo ficarão até parecidos. Então ele ocupará espaço em sua vida , e você se esquecerá do antigo, vai poder aposentar o seu amigo que tanto precisa de descanso e nem vai se dar conta.

Agora basta despedir-se com carinho daquele que lhe fez tanta companhia nos sonhos e insônias.

Pronto! É só curtir o novo amiguinho, sem sustos de alcova!


Bjins.
:)
Autora: Cecilia Ferreira

Convivência





Era não questionar.
Era apenas gozar,
as delícias
e as desgraças,
onde chuva
e fumaça
traziam dias de sol;
onde as luzes
tinham brilho
de olhar de pirilampo
onde o pranto
tinha um gosto
de fragrância de amanhã.




(Eu som,
você viola.
Eu carga,
você sacola.
Eu réquiem,
você ofício
Eu couro,
você tantã.)

Dias em ânsias, desejos,
exercícios de solfejo
desta alma em busca de um par.

(Eu lâmpada,
você soquete.
Eu imã,
você alfinete.
Eu pé,
você o bicho.
Eu índio,
você cunhã.)


Hoje você,Existência
(única a me acompanhar
em toda a minha extensão),
ainda me integra e remata
torturante,insidiosa,
como nó de uma gravata
em restrita dimensão.

(Eu crack,
você o vício.
Eu turba no seu comício.
Eu láudano,
você homicida.
Eu Freud no seu divã.)


CURIOSIDADE:

* Este é daqueles que quase foi para o lixo.
* Corrigindo: são daqueles.
* Porque eram dois, irmãos gêmeos, tão gêmeos quanto cada um de nós que, havendo vida, não pode se apartar de conviver consigo.
(Poema de Cecilia Ferreira, publicado no livro Vinhos - subtítulo: Mélicos ed: Nankin - 2003)
Permitida a reprodução deste, ou parte, desde que se cite a autora.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Vaias ou Aplausos?











“... dá-me inteligência para que aprenda os Teus mandamentos” Sl 119.73


Na natureza não há culpas, há acontecimentos. Diante das forças do universo o homem é nada, já diante de si o ser humano é predador.

Nem tudo a gente compreende. Akinori Ito criou uma máquina que converte plástico em petróleo. Na internet* o aparelho que superaquece garrafas pet e sacos plásticos faz jorrar pela torneirinha o óleo que escorre limpo.

Akinori viaja distribuindo a mágica em comunidades pobres para que tenham combustível barato. Aplausos! Cérebros altamente desenvolvidos transformaram petróleo em plástico. Podem, claro, reverter o processo. Mas a reutilização do petróleo parece não interessar aos poderes. Vaias!


Aplausos! Araçatuba é candidata ao prêmio Nobel de Química! Criou o asfalto biodegradável! Por aqui o recapeamento, agressor da natureza, se desmancha na próxima chuva.

Vaiemos os que ameaçam os condutores de moto, bicicletas, velocípedes, e os pedestres, cadeirantes e usuários de muletas? Dizem que se os recalmões não fecharem o bico, as bênçãos que cairiam sobre a cidade irão embora, e esses apontadores de falhas vão merecer as sete pragas do apocalipse. Isso está cheirando a bruxas, fogueira, e Inquisição...

Mas a biodegradação está sendo testada na pedagiadíssima Marechal Rondon! A rodovia está uma colcha! Há belos retalhos novos e macios em meio ao asfalto antigo. A estrada lisa e dura parecia boa, mas era prejudicial à saúde! Saúde da mãe natureza? Não! Maledicentes afirmam que o asfaltamento liso e firme é prejudicial ao bolso de alguma natureza humana.

Há os a favor de biodegradar a economia do país. Recebi e-mail de pretenso grupo Verde. Não batem palmas pra ver o Brasil despontar como potência que alimentará o mundo Vaiam quem ama o país. Vaiam este Brasil lindo, por enquanto a salvo das grandes violências mundiais. Vaiam o excesso de solo agricultável e as águas abundantes que podem e devem produzir energia de sobra. Aplaudem quem consegue tirar mais dos contribuintes. Aplaudem políticos compradores de votos sedentos de locupletar-se depois de eleitos.

Ah, as eleições. Assuntos como terras e ecologia produtoras da riqueza deste país, ficam em alta. Então, diz o tal artigo, a desapropriação de terras é prioridade para o desenvolvimento do país; e quaisquer terras, mesmo as produtivas, devem ser sucateadas na falsa distribuição de fartura. Aplaudem desorganização social no campo. Vaiam produção e geração de empregos e riqueza. Querem obrigar a reflorestar o que há décadas é produtivo, mas querem repartir cem milhões de hectares de áreas não produtoras, que na verdade são reservas nacionais. Querem desfazer o que está plantado e compensar sucateando áreas virgens, campos intocados e matas ciliares. Haja círculo vicioso e viciado!

O perdão merece aplauso sempre? Depende! Viu a facilidade dos governantes para perdoar o companheiro pecador? Para eles o eleitor é só um falastrão pagador de impostos, um desimunizado parlamentar de uma figa que dá ouvidos à imprensa. Já esta, verdadeira boca-rota, não devia publicar assuntos secretos, mas se riem, chantagem só dá cadeia pra você que é um coió metido a correto! Acham perda de tempo gastar neurônios estudando para tentar sobreviver honestamente. Pensam que se lhe sobrar esperteza, mesmo tendo estudado e gostando de ler, você ainda pode levar algum; dependendo da falta de moral e ética de que for capaz. Políticos corruptos têm quatro mandamentos: esqueça os dez mandamentos, perca o medo do inferno, filie-se e cale a boca!

Se não gostar do parágrafo acima ore sempre! Mas vigie! Não se cale diante das iniquidades! O inferno está cheio das falsas boas intenções.

(Autoria: Cecilia Ferreira. Publicado pela Folha da Região, na coluna pessoal e intransferível: Tête-à-Tête. Domingo, 08/05/2011)
Reprodução permitida desde que com os devidos créditos.

• Página em que se encontra a máquina que converte plástico em gasolina: http://www.flixxy.com/convert-plastic-to-oil.htm

segunda-feira, 9 de maio de 2011

As Academias

Nos arredores da cidade de Atenas foi fundada por Platão a escola que ocupava um jardim banhado por fontes. De forma que as Academias (em grego com K, e em latim com C), sejam estas de letras, ciências ou artes, foram para sempre assim nomeadas em homenagem ao herói Akademus.

Entre trezentos e quatrocentos a.C., Platão teria formado a escola grega de filosofia. Poeticamente, o lugar, que ainda existe, era na época um horto de oliveiras, e o filósofo teria adquirido o terreno. Alguns elementos definiam a academia de forma diversa das demais, que conciliava as atividades didáticas com a especulação filosófica, num processo conhecido como maiêutica. Dialético e pedagógico, o processo socrático multiplicava as perguntas para buscar por indução a verdade.

Nos dias de hoje a distinção entre a teoria e a prática é maior do que para um filósofo grego; mas por outro lado a escola platônica não possuía fins lucrativos, ao contrário do que sucedia com escolas sofistas mais técnicas e comprometidas com a eficácia da argumentação política ou jurídica.

Talvez a filosofia de uma academia gratuita em área particular tenha sido somente um mecanismo de defesa da própria vida. Afinal, Sócrates, de quem Platão fora discípulo, havia sido condenado à morte por não aceitar os deuses reconhecidos pelo Estado, por introduzir deuses novos, e por corromper a juventude que arrebanhava em praça pública. Bom, não é de hoje que o Estado se mete onde não é chamado quando se trata de temer a perda do próprio poder.

Então, o jardim de Akademos era o protótipo mítico dos paraísos terrenos: um mundo vegetal que se autorregenera, por oposição à pedra da cidade e às suas ruínas. Ruínas morais, físicas e intelectuais. Daí a ilusão da imortalidade intelectual oriunda de se pertencer a alguma academia: imortalidade construída sobre a morte de Sócrates. E, como o jardim por sua distância exigia o esforço pessoal do deslocamento do aluno, que só por vontade própria frequentaria o interior daquelas muralhas particulares às quais só se ingressava por meio de uma estreita porta, Platão se livrava de possíveis acusações e de condenação à morte como ocorreu com Sócrates.

Esta primeira Academia, que ao contrário das academias reais, criadas a partir do século XVII, é uma academia espontânea, surge da vontade do poder civil e não do poder político, e, ao menos nisto, se parece com a nossa Academia Araçatubense de Letras. Uma Academia de Letras, na atualidade, não deveria ser painel de autopropaganda por intermédio de se valer de figuras externas ao seu meio para se promover diante de uma sociedade voltada para o imediatismo do espetáculo da fama alheia (como tem feito alguma Academia mais notória deste país).

Por outro lado, as academias, para valerem-se honestamente da prerrogativa de usar o título que Platão emprestou às escolas que pretendem avançar no estudo e formação das ciências, letras, e/ou artes não devem usar critérios excludentes, principalmente se este for financeiro; muito menos se limitar a julgar-se superior às modernidades que o mundo atual apresenta em novas mídias diante daqueles que se dedicando a ampliar e valorizar suas capacidades artísticas pessoais desejem ingressar em tais academias. Porque a Academia de Platão foi como raiz: Resistência ou Inexistência.

Nesse sentido, as atuais caminham claramente para a morte. Umas por escolhas pouco ligadas aos seus sobrenomes (seja letras, ciências, filosofia e/ou artes), outras por não se modernizarem a ponto de aceitar as novas mídias como possibilidade de grimpo de joias verdadeiras e já bastante bem lapidadas (porque sem dúvida as há).

Aqui finaliza Platão: “Os males não cessarão para os humanos, antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente.” E eu finalizo com Rui Barbosa: “O que preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

Crônica publicada pelo jornal Folha da Região em maio de 2011, na coluna Tantas Palavras. Autoria: Cecilia Ferreira